Mudanças estratégicas
Conforme eu havia afirmado anteriormente, o problema principal do nosso Furacão vai um pouco além das mudanças externas: é uma questão de mentalidade e, provavelmente, só conseguiremos um resultado efetivo a médio prazo. No entanto, é importante perceber que temos algumas deficiências táticas crônicas e alguns problemas estratégicos que já poderiam ter sido resolvidos caso tivéssemos uma comissão técnica permanente com o mínimo de estudo sobre os fundamentos do jogo.
Como todo bom atleticano deve ter notado, nós não temos jogo pelas laterais. O motivo? Primeiramente porque não temos bons laterais. Marcos Pimentel é mediano, Wagner Diniz é comprometedor, Paulinho é mais um terceiro zagueiro do que propriamente um lateral e Héracles é muito novo, ainda demasiadamente ansioso e com pouca eficiência. Ora, quais seriam as soluções taticamente viáveis? A primeira delas era abrir mão dos laterais de função e jogar com dois alas. Poderíamos, então, jogar com três zagueiros fixos e dois volantes (talvez Vitor e Kleberson) que fariam a cobertura pelas laterais. Aliás, parece-me que foi isso que Leandro supostamente tentou contra o ACP. O resultado todos viram. É evidente que qualquer mudança significativa no sistema de jogo teria que vir acompanhada de uma série de treinos táticos, demonstrações e adaptações por parte dos jogadores.
A outra situação alarmante é a falta de mobilidade. O futebol moderno exige, e o Barcelona é a maior prova disso, uma movimentação mínima por parte de todos os atletas. É impossível entrar em campo com uma formação fixa, como se fossemos um time de pebolim. Alguém tem que colocar na cabeça dos jogadores que a movimentação é a diferença quando se trata de ofensividade. Alguns poucos jogadores como nosso maestro Baier, Madson e o novato Wescley parecem ter percebido essa necessidade. Todavia, de onde vem a bola? Obviamente, do campo defensivo. E aqui começa a denúncia do nosso terceiro problema que se mistura com os outros dois: a falta de opções de saída de bola.
Tome a partida contra o Cianorte como exemplo. Não foi assustadora a quantidade de bolas que vimos nosso pseudo-goleiro João Carlos lançar diretamente para o campo de ataque? Ainda pior. Nas pouquíssimas vezes que tentamos sair tocando curto, perdemos a bola e nos complicamos. Alguns poderiam alegar que o gramado estava ruim, a chuva, a forte marcação. A verdade é que ninguém pode mascarar os fatos.
O agravante é que temos um clássico domingo e sinto, aliás, tenho quase certeza, que sofreremos novamente de todos esses problemas. Torno a repetir: precisamos de uma mudança de mentalidade emergencial e, aliado a isso, um treinador e uma comissão técnica que estejam efetivamente interessados em estudar e aprender as nuanças do mundo da bola.