11 maio 2011 - 21h07

Relembre a trajetória de Lucas no Furacão

Dezembro de 2010. A nação rubro-negra acorda com a notícia de que Lucas está de volta. Após jogar sete anos no Japão e dois anos e meio no futebol francês, o atacante avisa que quer voltar ao Brasil. Não demorou muito e, por intermédio do então diretor de futebol, Valmor Zimermann, além do amigo Cocito, o bom filho à casa voltou.

Maio de 2011. Por meio do site oficial, Lucas decide encerrar sua carreira no futebol, surpreendendo os torcedores. O atacante disse que a decisão sobre a aposentadoria já passava por sua cabeça ainda no ano passado, mas acreditou que teria motivação para voltar a jogar bem.

O retorno de Lucas foi aprovado por 87.3% segundo enquete promovida pela Furacao.com na ocasião. Lucas deixa o Atlético depois de marcar 61 gols com a camisa do Furacão em 122 jogos. Em 2011, o atacante participou de 20 partidas e assinalou oito gols. Seu último jogo foi há uma semana, quando participou do empate em 2 a 2 em o Vasco, na Arena da Baixada.

Lucas retornou à Arena da Baixada em grande estilo [foto: FURACAO.COM/Joka Madruga]

Relembre abaixo grandes momentos vividos pelo jogador:

O começo

Natural de Ribeirão Preto, Lucas chegou ao Atlético, no ano de 1998, acompanhado por Gustavo e Cocito, todos oriundos do Botafogo de Ribeirão Preto, equipe tradicional do interior paulista. Durante os primeiros meses no Furacão, o atacante passou por um período de adaptação, participando esporadicamente de algumas partidas. Já no início de 1999, Lucas ganhou a chance que tanto esperava. Com a negociação dos atacantes Warley e Tuta, titulares da equipe campeã paranaense de 1998, Lucas assumiu a camisa 9 e não saiu mais da equipe rubro-negra. Jogando ao lado de Kelly, Adriano e Kléber, formando o badalado quadrado mágico, o atleta viveu o auge de sua carreira, levando o Furacão para a primeira Libertadores da América de sua história, no ano de 2000, e ao título paranaense daquela mesma temporada.

Mesmo antes destas importantes conquistas, Lucas já havia registrado o nome na história do rubro-negro e, principalmente, da Arena da Baixada. Na noite do dia 24 de junho de 1999, dois anos após ser demolido para uma reconstrução completa, o Estádio Joaquim Américo recebeu mais de 30 mil pessoas para a partida amistosa do Furacão contra os paraguaios do Cerro Porteño, na inauguração do estádio mais moderno da América Latina. De acordo com Lucas, o estado de espírito dos jogadores alternava entre a descontração e a ansiedade para ver como tinha ficado a nova Baixada e reencontrar a fanática torcida rubro-negra. “Aquela noite foi maravilhosa, eu nunca tinha visto um estádio como aquele. Tinha só 20 anos e fiquei impressionado com a estrutura do estádio e com a força da torcida. Nunca tinha presenciado nada parecido, foi um momento mágico, de arrepiar”, conta o atacante em entrevista exclusiva à Furacao.com.

Como se não bastasse a felicidade por participar daquela grande festa, o destino guardou uma bela surpresa para o jovem destaque do time atleticano. Aos 14 minutos do primeiro tempo, o lateral-direita Luisinho Netto cruzou a bola e encontrou Lucas, que, de cabeça, marcou o primeiro gol da nova Baixada e da vitória do rubro-negro por 2×1 sobre os paraguaios.

“Nunca vou esquecer esse gol. O Luisinho Netto fez um excelente cruzamento e eu consegui me antecipar ao zagueiro e cabeceei firme no canto direito do goleiro. Lembro que todos os jogadores vieram me abraçar perto da torcida Os Fanáticos. Fiquei tão emocionado que nem consegui comemorar direito o gol. Acho que sou predestinado, qualquer jogador gostaria de fazer parte da história de um clube como o Atlético. E eu sou um privilegiado”, comemora.

Trajetória de sucesso

Depois da bela atuação na histórica partida de inauguração da nova Arena da Baixada, Lucas caiu de vez nas graças da torcida atleticana. Durante pouco mais de um ano jogando pelo Atlético dentro do Caldeirão, o jogador disputou 27 jogos, marcou 16 gols, participou de 19 vitórias e de apenas três derrotas. “Jogar na Arena era maravilhoso. Aquele time traz boas lembranças para todos atleticanos, era um time muito ofensivo. Lógico que nem sempre fazíamos grandes jogos, mas sempre jogávamos pra frente. Esta maneira de jogar contagiava a torcida e, consequentemente, a energia das arquibancadas chegava ao gramado e o time se empolgava ainda mais”. Para o atleta, o grande diferencial do estádio atleticano sempre esteve nas arquibancadas: “Não tenho dúvida nenhuma que a força da Baixada está na torcida, uma das mais vibrantes que já vi”.

“Eu sou o Lucas”

Lucas fez o Caldeirão ferver e foi o responsável pela torcida soltar o primeiro grito de gol na casa nova. Logo depois, o atacante deixou novamente a sua marca também no primeiro jogo do Campeonato Brasileiro daquele ano, contra o Flamengo, partida onde acabou ficando conhecido nacionalmente.

“Eu havia feito seis gols na Copa do Brasil, ficando atrás apenas do Romário. Perguntaram aos jogadores do Flamengo se temiam o garoto Lucas e o (goleiro) Clemer falou: “Que Lucas? Não conheço nenhum Lucas”. Depois, ele até disse ao Kelly (ex-jogador rubro-negro) que não quis me menosprezar. Hoje acho que tenho de agradecer a ele, pois me motivou muito. Eu queria marcar de qualquer jeito e dar uma resposta depois do jogo. Só que na hora do gol eu vi uma câmera e, sem pensar, eu fui lá e gritei: “Eu sou o Lucas!” Até hoje lembram muito daquele jogo. Alguns fazem piada até. Acabei me apresentando para o Brasil inteiro sem querer”, disse o atacante em entrevista ao jornal Gazeta do Povo no ano passado.

Despedida

O futebol alegre e refinado, que os torcedores atleticanos não cansavam de elogiar, abreviou a passagem de Lucas pelo Estado do Paraná. Logo após o título estadual de 2000, o atacante, que já havia defendido a seleção brasileira, foi vendido para o Rennes, da França, em uma negociação que atingiu o valor de 21 milhões de dólares, a segunda maior da história do futebol brasileiro até aquele momento.

Ainda passou por Corinthians e Cruzeiro e foi ganhar o mundo no futebol japonês. Jogou pelo FC Tokyo, onde marcou 48 gols em quatro temporadas, e defendeu o Gamba Osaka, seu último clube.



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