Em uma terra gelada chamada Curitiba, palavra que não significa abundância de porcos, um domingo nublado foi cenário do clássico dos clássicos segundo os jornalistas locais, “o maior derby de todos os tempos da terra das araucárias” noticiava o jornal de maior circulação. O confronto realmente é um campeonato à parte, só que nomeá-lo como “El Clássico” seria algo no mínimo leviano, sendo que o Atlético estava notadamente em desvantagem , praticamente rebaixado, enquanto o rival simpático aos falastrões, Coritiba, via a chance de disputar a Libertadores se tornar real em caso de vitória. A resposta encontrava-se aí, houve uma glorificação do clássico pois a única vitória prevista era obviamente a do time verde, de quebra com o rebaixamento do lado rubro-negro da cidade. “Tudo perfeito!” dizia o comentarista verde mais chato da cidade.

O que não era previsto era a vitória atleticana, mesmo já estando derrotado em campo, com os pés em solo infértil, o time atleticano decidiu vencer o jogo, foi melhor durante a partida toda. Gol de Guerrón de cabeça, fim de jogo, Furacão rebaixado, Coxa sem Libertadores. “Que injusto (o coxa não ter ido para a Libertadores)!”, bradava aos sete ventos o jornalista mais tendencioso da cidade. De uma hora para outra o “Clássico dos Clássicos” tornou-se apenas um jogo sem qualidade, onde o Coritiba não jogou nem 1% do que poderia disse o comentarista de TV fanfarrão. Como o Atlético ganhou o “Atletiba do milênio” o jogo prontamente tornou-se ridículo. Uma vitória em um clássico histórico é vencer um campeonato à parte, só que o fato não iria mudar o destino cruel do Clube Atlético Paranaense, clube que não caia desde 1996 e que, ao contrário do rival, ganhou títulos recentes em esfera nacional .

Ao final da partida a câmera da Rede de Comunicação dos paranaenses verdes procurava intensamente torcedores rubro-negros chorando, quebrando alambrados, só que não encontrou nenhum. A torcida atleticana é diferente, seu fanatismo e sangue forte não permitem causar cicatrizes na Instituição Atlético Paranaense, algo muito maior do que qualquer torcedor, dirigente, presidente ou rival. E o tal do Coritiba consegue ser tão incompetente que torna-se motivo de chacota mesmo no rebaixamento do grande rival, clube de maior torcida no Estado. A tiração de sarro coxa torna-se inócua pelo fato do clube ter caído duas vezes em menos de cinco anos, uma delas sendo motivo de vergonha nacional com invasão de campo por vândalos travestidos de torcedores, o belo show do centenário do time ariano. O Coritiba caiu mais vezes que o Atlético para a segunda divisão, portanto quando você observar uma figura verde afrontando o seu bem-estar com palavras de baixo calão sinta pena dele, afinal nós já fizemos isso com os coxinhas durante três anos, deixa eles serem um pouco felizes, rivalidade é isso. O salto do golfinho está no final, a graça já foi feita e a única vitória foi o Paranaense, o coxa está intimamente ligado a série B, estão tão perdidos na primeira divisão quanto nós estamos na série B.Cada vez que um coxa tira sarro de nós um ponto do cérebro verde

Fomos tomados de assalto pela incompetência que se instalou no clube através de amadorismo, incompetência, falta de planejamento e ausência de pulso firme através da diretoria e Presidente. Eu já critiquei tanto durante esses anos todos os responsáveis pelo nosso rebaixamento que isso tornou-se até tarefa monótona, irritante, um clichê entre todos os atleticanos conscientes. Dirigentes e presidentes não entram em campo, isso é verdade, só que escolhem os jogadores que terão a tarefa de defender o escudo rubro-negro. A atual gestão colocou vários atletas sem identidade com o clube tendo que carregar o piano nas costas, é óbvio que não dariam conta. A boa notícia meus amigos é que eles estão saindo.

A chance de mudarmos nossa história já surge em dezembro. Podemos recolocar um revolucionário injustiçado a frente do nosso clube, pulso firme não irá faltar. Mário Celso Petraglia é atleticano e pode unificar todas as forças em prol do rubro-negro, tendo a sabedoria de excluir desavenças políticas. As dúvidas pertinentes à sua competência devem ser deixadas de lado quando enxergamos a Arena da Baixada e a estrela dourada presente no manto sagrado. Pode parecer uma frase feita só que só me resta dizer que o momento é de união irrestrita, teremos que nos reerguer sem a Arena da Baixada. É hora de honrar a parte do hino que falamos que temos raça e não tememos a própria morte. Sejamos gigantes.