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9 dez 2011 - 16h53

República de Weimar – versão tropicana

Contextualizar a história, é mais do que aprendê-la. É poder extrair semelhanças de períodos importantes (sobre) vividos por determinados povos, até adquirir tal consciência que permita adotar um caráter preventivo na conduta contemporânea dos homens e suas relações na vida em sociedade civil, aproveitando os exemplos pretéritos não apenas para não revivê-los – posto que as realidades/sociedades são distintas em conjuntura de tempo e espaço – mas, sobretudo, para evitarmos a INVOLUÇÃO que acarretam tais condutas, se negligentes. Prevenir nunca será remediar, quando se estiver à frente do nosso tempo. E este “nosso”, aduz COLETIVIDADE, ou seja, não se deve ceder direitos para quem faça prevalecer o princípio do interesse privado sobre o interesse público: conceito de dificultosa assimilação, ante nossa precariedade de discernimento.

[Na iminência de perder a Primeira Grande Guerra Mundial, a liderança militar imperialista alemã, sobretudo autocrática, deslocou o PODER para os democratas do SPD (Sozialistische Partei Deutschlands), partido que ficou com a incumbência de “negociar a paz” – uma estratégica forma diferenciada e demagoga de tratar a “derrota”. Teoricamente, apresentou-se como um divisor de águas, sem cabimento prático (eficácia, inobstante a importância futura de sua principiologia constitucional), em face da evidente CONTINUIDADE moral do Império anterior com a nova República, a qual locupletou-se política, social e economicamente de humilhações e derrotas no país devastado e, principalmente, sem bases sólidas para instituir uma democracia a contento. Nesse ínterim, a “lenda da inocência alem㔠(não culpabilidade pela guerra) e o “mito da punhalada pelas costas” (causa da derrota) fizeram parte do discurso, proveniente da boca dos detentores dele, o Poder.

O que ficou de fora, foi um debate racional acerca da questão da “guerra”: causas e conseqüências. Período considerado uma “república sem republicanos”, ou ainda “o negativo de uma monarquia, que só não o é porque o monarca fugiu”. O enfraquecimento e o descrédito de legitimidade da democracia alemã, aliado ao renascimento da antiga idéia do Reich (pairavam no ar as seduções emanadas daquele PASSADO idealizador, imperial e antidemocrático), após este tempo de incertezas, prepararam o terreno para a triunfante volta do carismático e arauto LÍDER messiânico, aquele cujo bigodinho mais tarde serviria de estiloso modelo para depilação de centenas de milhares de vulvas e pudendos mundo afora. Aquele mesmo, o sujeito precursor do Holocausto.]

– Guardadas as devidas dimensões, as especificações desta ANALOGIA ficam ao encargo do bom e paciencioso leitor.

À luz da boa hermenêutica dos homens, há de se interpretar extensivamente o que aqueles senhores entendiam como significado da decantada “CHAPA da VITÓRIA”, ao apagar das luzes no ano de 2008, e que se seguiria no triênio vindouro como novidade para uns, para mim se PERPETUANDO desde 2002. 2004 e 2005, foram exceções à regra. À regra do Reich.

Por isto, amigos e inimigos (do CAP), NÃO ACREDITO EM OPOSIÇÃO. A mim eles não enganam. Praticamente todos que hoje estão, desde lá estiveram, portanto são igualmente CO-RESPONSÁVEIS pelo nosso rebaixamento. Juntamente com os tais sócios-conselheiros, elencados com nobreza a cada pós-‘sufrágio’. Passivos, omissos, covardes, escondendo-se atrás dos estatutos da burocracia, assistiram de camarote o nosso suplício, sem nada falar muito menos fazer. Foram CONIVENTES – falando apenas nos últimos anos e somente dos treinadores, deixando Danilos, Irênios, Brunos, Rafaéis e Morros da vida de lado – com a TEIMOSIA animalesca em manter Bob Fernandes, Waldemar Lemos e Niehues (escandalosamente incompetentes), com a COVARDIA engendrada contra Antônio Lopes (demitido enquanto dava entrevista no Sportv), com a INÉRCIA frente a fuga do mercenário Carpa, anti-éticos contra Geninho (Adilson na arquibancada), e com a SUBMISSÃO sendo a favor de Gaúcho quando entregou a Sul Americana para seus comparsas urubus, o que todo mundo sabe. Em dez anos, ter apenas quatro técnicos de nível aceitável ou que deram certo, é muito pouco (Abelão, Evaristo, Levir e Lopes/2005). Mas nem todos admitem que isto significa INCOMPETÊNCIA gestora, com ares de IMPROBIDADE.

Discurso, sofismas e falta de vergonha na cara que não demonstra um mínimo de REPRESENTATIVIDADE: têm a pachorra de dizer que o Clube é tratado como “empresa”. Ora, Excelência, quem assim o faz, JAMAIS colocaria Rafael Santos na linha de frente para receber “clientes”. Bisonhamente, o time é escalado por “empresários”, que na verdade são procuradores de boleiros, os quais, sem a vitrine do gramado, não poderão fazer circular o capital investido por quem os apadrinhou. É a mão visivelmente patogênica e contagiosa do mercado, para mim um sub-mercadinho de periferia, cujos produtos, perecíveis, extrapolaram seu prazo de validade e, mesmo assim, temos de “consumi-los”. Sim, pagar pacotes, deslocamento, alimentação para ver isso aí em campo: gente que perde para time já rebaixado, o qual receberia mais do que eles pela vitória. Não bastam salários, há de haver “bicho”, de caráter “motivacional”. Tudo isso acontecendo e nós aqui na praça, dando milho aos pombos: desde 2002. Além daquilo que não tem preço: a USURPAÇÃO da nossa boa-fé.

Segundo Max Weber, “o conceito de PODER é amorfo já que significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade.” Para ele, DOMINAÇÃO “é a probabilidade de encontrar obediência dentro de um grupo a um certo mandato”. Portanto, conferir legitimidade ao PODER, leva à DOMINAÇÃO.

Excetuando a dominação legal, importa mencionar os outros dois tipos weberianos dela: a dominação TRADICIONAL, a qual “se estabelece em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes. Seu tipo mais puro é o da dominação patriarcal” e a dominação CARISMÁTICA, que “se dá em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória. Seu tipo mais puro é a dominação do profeta, do herói guerreiro e do grande demagogo.”

Bigodinho, foi um dominador classicamente carismático. ‘Messias’, foi um misto entre as dominações tradicional e carismática. FOI, porque seu tempo já passou, ele também já é parte da história. Mas todo povo que NÃO CONHECE a sua própria história, está fadado a revivê-la. Felizmente, ALGUNS de nós somos descomprometidos, não temos vínculo político ou passional com os homens do Poder, apenas vínculo de natureza distinta: vínculo AFETIVO, estabelecido unicamente com o Atlético. Esta liberdade que temos em opinar e nos insurgir contra improbidades cujo VÉU acabou de cair, ainda nos traz um fio de esperança. Dentro da evolução do processo democrático, chegará o dia em que mais pessoas adquirirão CONSCIÊNCIA, a ponto não de transformar, mas sim de REVOLUCIONAR a Entidade. Enquanto o povo for conivente com estes que estão no Poder, Bigodinhos, Bushinhos, Bibinhos, Betinhos e Messiazinhos deitarão e rolarão nos gramados de sua autonomia da vontade privada, em DETRIMENTO de nosso interesse público.

Queriam a Copa, AÍ ESTÁ. Ignoraram o Futebol para obtê-la. Por reação natural, agora é a bola que nos ignora, mas não somente a eles, e sim a todos nós por extensão: NÓS, os torcedores do Clube Atlético Paranaense. Pasmados, olhamos incrédulos para as magníficas estruturas que por si só não sustentaram o tombamento do Clube. Tombamento MORAL. Porque, naquela “empresa”, inexistem impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade nem segurança, ou seja, nenhum PRINCÍPIO administrativo. Como exceção (à regra do Reich) sobrou o princípio da motivação, só que voltado para a Copa e seus decorrentes interesses PARTICULARES, completamente alheios. Alheios a nós, torcedores do Furacão, bem como alheios à própria Instituição.

Chegada a DERROTA incessantemente anunciada, é hora de quem não sabe, ir procurar as respostas sob o rescaldo. Agora até os cegos do castelo podem ver. E é preciso também IDENTIFICAR, tal qual necessita o parente que perde um ente querido, mas evita reconhecer o diagnóstico, a etiologia, sua causa mortis. Sentimo-nos hoje, como a viúva que, longe de seu companheiro, por ser tão FIEL não admite qualquer forma de “consolo” – que se apresente RETORICAMENTE – a preencher seu vácuo interno, supletivamente ao amor que emana de seu coração. Há tempos vitórias sobre coxas não me servem.

O Clube Atlético Paranaense precisa ganhar é de si mesmo, seu pior adversário a dez anos: a incapacidade de gerir FUTEBOL por parte dos amadores que lá estão. Esta sim, a maior Vitória que poderíamos ter, nesta batalha mais longa do que a duração de Weimar.

Mas o imperialismo está voltando, na mitológica pessoa (ora seus discípulos, sempre aliados) de quem, dentre tantos, sugeriu a “Arena Atletiba”. Precisamos conhecer a história da humanidade, principalmente a nossa.

Eu, não conheci Adolf. Mas nem por isso desconheci o Holocausto…

– segue trecho de ‘Queremos Saber’, de Gilberto Gil, na voz de Cássia Eller:

‘…Por isso se faz necessário prever
Qual o itinerário da ilusão
A ilusão do poder
Pois se foi permitido ao homem
Tantas coisas conhecer
É melhor que todos saibam
O que pode acontecer
Queremos saber, queremos saber…’



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