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15 jun 2012 - 18h56

Quando a ordem dos fatores altera o produto

Amigos, acostumamo-nos a ouvir que ‘a ordem dos fatores não altera o produto’ ou, em paralelismo jocoso, que ‘a ordem dos tratores não altera o viaduto’. Na Matemática isso deve ser verdade, mas no futebol a coisa não segue essa regra, não. Explico.

No futebol, a ordem dos fatores deve ser: a) construir/consolidar o patrimônio, b) formar bons times, c) ganhar títulos. Aprofundo a tese, inclusive com exemplos, pois hoje estou mais didático do que o Telecurso 2000.

O São Paulo Futebol Clube, que ontem sapecou os ervilhas por meio de um golaço do genial menino Lucas, cuidou da ordem dos fatores e por isso edificou o Morumbicha, construiu CT, etc.

Durante a construção do Morumbicha (também conhecido como panetone, pois é redondo e cheio de frutas) o São Paulo montou times modestos e, por óbvio, não ganhou títulos de expressão. Depois da abertura do Estádio Cícero Pompeu de Toledo – também conhecido como Gaiola das Loucas – o tricolor paulistano passou a levantar os canecos, tendo inclusive conquistado o bi mundial em 1993.

O que disse sobre o São Paulo serve para outros clubes. O Internacional de Porto Alegre ergueu o Beira-Rio e seu Complexo e depois se ocupou da montagem de grandes times. Resultado? Grandes e numerosos títulos. O Grêmio-RS fez o mesmo e, não por coincidência, Raposa e Galo passaram a ser protagonistas depois da construção do monumental Mineirão.

Tese comprovada. A ordem dos fatores, no futebol, deve ser: a) construir/consolidar o patrimônio, b) formar bons times, c) ganhar títulos.

Mas se teve gente que seguiu a receita, teve gente que dela se afastou – acreditando que a ordem dos fatores não alteraria o produto – e, via de consequência, espatifou-se a ponto de sumir do mapa. Passo ao exemplo do finado Colorado EC.

O Colorado, em 1984, resolveu botar a carroça na frente dos bois. Não tendo patrimônio construído/consolidado, houve por bem montar o ‘Sele-Boca’, time caríssimo que enterrou de vez o Colorado na lama grossa da falência ampla,geral e irrestrita.

Na amalucada odisseia, os dirigentes do falecido clube acreditavam que o quente era fazer um timaço – caríssimo e cheio de figurões vindos do Eixo – para levantar o caneco estadual, e inflamar a torcida, e depois ganhar mais títulos, e com isso se consolidar como um grande clube no cenário nacional. Quebraram a cara e o cofre. E sumiram do mapa. Quer dizer, tiveram de casar com o Pinheiros, que era um clube muito bem organizado, até porque havia seguido a boa receita: a) construir/consolidar o patrimônio, b) formar bons times, c) ganhar títulos – sem alterar a ordem dos fatores.

Disse tudo isso para chegar nas coisas do Clube Atlético Paranaense.

Desde 1995, nosso Furacão tem se preocupado em seguir a receita: a) construir/consolidar o patrimônio, b) formar bons times, c) ganhar títulos. Está certíssimo em sua filosofia, embora os impacientes e imediatistas queiram botar a carroça na frente dos bois.

Dentro desse raciocínio, a conclusão da Arena da Baixada é – e deve ser – a maior prioridade. Por isso é que lutamos tanto pela Copa de 2014 na Arena. Por isso é que temos lutado desde 2007 – nem todos, é verdade, eis que há atleticanos que nada fizeram em prol do Mundial de 2014 em nossa Casa. Mas isso não vem agora ao caso. A História se encarrega de assentar em seus registros as ações e omissões; os agentes e os omissos; os lutadores e os covardes.

E a conclusão da Arena da Baixada se aproxima. Em julho de 2013, o templo estará – definitivamente – concluído. E concluído dentro dos padrões FIFA, apto a receber todo e qualquer jogo. Nunca mais nós – os Atleticanos – seremos chamados de sem-terra. Nunca mais o temor de não disputar em nossa Casa uma final de Libertadores. O Atlético – enfim – total, Gigante, Absoluto.

E vencida a etapa de construir/consolidar o patrimônio, passaremos – resolutos – aos itens b) formar bons times e c) ganhar títulos.

É nisso que eu acredito. É por isso que tenho lutado. É pelo Atlético Paranaense que a gente luta – contra tudo, contra todos, contra a má-fé da imprensa, contra a má-vontade de alguns atleticanos que, incrédulos e ressentidos, veem defeito em tudo e a tudo e a todos criticam, pois falar é muito mais fácil do que edificar.

Hoje, a ordem é seguir à risca a receita: construir/consolidar o patrimônio, formar bons times e ganhar títulos. Na ordem que está posta, pois -ao contrário da Matemática – no futebol a ordem dos fatores altera o produto!

P.S.: E a frase do dia: No clássico que encerrou a comemoração da semana gay na cidade de São Paulo, dez viadinhos tricolores foram muito mais valentes do que onze homenzinhos vestidos de ervilhas!



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