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16 ago 2012 - 9h33

O fundo do poço

E continuando com a nossa peregrinação pelos estádios do Paraná, depois do Ecoestádio e da Vila Capanema, ontem estivemos em Paranaguá, mais precisamente no Gigante do Itiberê, para assistirmos ao jogo contra o folclórico ASA de Arapiraca.

O ASA, que já foi até citado em uma música do Francis Hime, que num trecho dizia: “quando o Arapiraca for campeão…”. Música sobre coisas impossíveis de acontecer.

Alguém ao meu lado falou algo como um jogo imaginário entre Nova Zelândia a e Ilhas Canárias. E daí foram falando coisas como Chipre, Nova Guiné, etc. Encontros medíocres do mundo do futebol que nunca aconteceram e tomara, nunca aconteçam.

Você vê um jogo desses, numa outra cidade, numa terça-feira, às 10 da noite e se sente realmente como um torcedor de time de segunda divisão. Bem, pelo menos o Gigante, apesar da distância, é bem mais confortável que a Vila Capanema.

Durante o jogo foi se desenrolando o óbvio, haja visto a situação dos dois times: o Atlético totalmente amalucado em campo, não conseguindo encaixar três passes seguidos, com os jogadores tentando resolver cada um por si, sem qualquer disciplina tática e o ASA num esquema com 10 jogadores atrás e apenas um na frente, isolado. Uma retranca que o Atlético não conseguiu transpor no primeiro tempo. Jogadas que terminavam em nada. No máximo alguém tentava um “dois” que terminava numa bicuda pra qualquer lado de alguém do ASA. O Atlético fazia aquela correria improdutiva, aquela posse enganadora de bola e tome bola pro lado, bolas esticadas, chuveirinhos… Fim do primeiro tempo e um 0 x 0 digno de jogo de segunda divisão.

No segundo tempo, conforme o tempo ia passando, mais a paciência da torcida ia diminuindo. Lentamente, todos aqueles temas que têm atormentado o torcedor atleticano voltam a aparecer: promessas da diretoria, Copa 2014, inconstância de técnicos, sub-23, más contratações, Morro Garcia, etc, etc., como que a mente buscasse uma explicação para uma exibição tão pífia.

No auge das divagações, eis que o inusitado acontece. O estádio fica às escuras. Os refletores se apagam. Olho para o relógio, 23h15min. No escuro, pensei: se existe o fundo do poço esse é o meu fundo do poço como torcedor atleticano. Pra quem já viu grandes batalhas em Nacionais, Libertadores, com a Arena lotada, ver esse jogo e agora isso é o fim. Começo a conversar com um torcedor ao meu lado que mora em Paranaguá sobre o atual momento atleticano e as agruras de um empresário que trabalha no ramo de distribuição de bebidas.

De repente, uma pequena explosão na torcida: uma lâmpada se acendeu. Depois mais outra. E outra. E cada nova lâmpada que iluminava o estádio era saudada pela torcida.

Reinicia-se a partida e, atendendo aos apelos da torcida, Alberto coloca em campo Paulo Baier, que depois de uma dividida começou a jogar com a cabeça enfaixada. Num lance, vi ele dar um pique desde a defesa e chegar próximo à linha da grande área. E quando já estávamos conformados com o empate, ele avança decidido e após algumas rebatidas, consegue desviar com a habitual categoria para as redes. Talvez o 1 x 0 mais sofrido que já vi num campo de futebol.

Se o Atlético vai conseguir subir esse ano para a primeira divisão, não sei. Uma incógnita. Quando o time parece melhorar, desanda. Quando tudo parece ir por água abaixo, ele renasce. O fato é que essas duas vitórias seguidas dão um novo alento.

Mas com o Atlético é tudo assim mesmo. Eu não me lembro de ter visto uma campanha onde o Atlético tenha ganhado um título por antecipação. Sempre foi tudo sofrido, na última rodada, nos últimos minutos. E se subir, creio, o caminho para isso não será diferente.

O elenco não é ruim, o que falta é organização tática e, além disso, o tempo conspira contra. A segunda divisão deveria ter sido pensada desde o início do ano e não deixada para agora. Mas já passou, o Atlético tem que administrar a situação eficazmente no tempo presente. Um técnico terá de ser muito competente para colocar ordem no time e fazê-lo produzir mais do que tem feito até agora. Talvez fosse uma boa solução manter o Alberto até o fim do campeonato. Pelo menos entende os jogadores e é atleticano.

Sabendo montar e entrosar um time e conquistando pontos nas duas últimas rodadas desse turno, quem sabe se possa ver uma luz no fim do túnel, ou melhor, no fundo do poço.



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