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25 jan 2013 - 18h08

Sem surpresas

O retorno de MCP ao CAP tem provocado situações que entristecem a nós, torcedores. Foi assim no passado. Vivemos, agora, a mesma história, que se repete como farsa. O que poderíamos esperar? Nada. Não há surpresa nas movimentações do comandante escolhido pelas urnas clubísticas. O que ele faz na atualidade é o que fazia dez ou quinze anos atrás, quando monopolizava o poder de fato. A diferença está na forma e na intensidade. O ditador, afinal, se supera a cada dia.

Com a inauguração da “arena”, apelido imposto à antiga Baixada em 1999, desencadeou-se um processo de elitização do futebol que se estendeu, depois, a quase todos os “grandes” do País. Petraglia nunca escondeu as suas intenções: para ele, o esporte, como negócio milionário que é, pertence a uma minoria de privilegiados. Na sua primeira passagem, fechou as portas do clube para a imprensa, para seus desafetos e para a massa torcedora. Livrou-se daqueles que ousaram discordar dos seus decretos imperiais e, quando sozinho, montou times bizarros. O acaso – e somente ele – o poupou do dissabor de subscrever formalmente o rebaixamento, embora o seu estilo oposicionista e demagógico, que fez surgirem associações estranhas e uma espécie de “administração paralela”, tenha contribuído para a consumação da desgraça. Desgraça, aliás, de que se nutriu sem nenhum constrangimento tão logo teve a oportunidade de se apresentar como salvador da pátria, com promessas mirabolantes de redenção dos fracos e oprimidos. Como era de se esperar, arrasou antigos aliados e venceu as eleições de 2011.

Temos o polêmico MCP no comando outra vez. Mas não temos mais a resistência de antes, quando a torcida se rebelava para ocupar seu espaço no estádio, soltar a garganta e bater bumbos – em outras palavras, para restabelecer a emoção que lhe estava sendo roubada. Para eliminar o incômodo proporcionado pela ralé, Petraglia decidiu se aproximar das ditas lideranças populares. Veio com tudo: a força dos votos que conquistou e o silêncio contratado de fanáticos profissionais.

Ficou à vontade, o homem. E voltou a lacrar as portas do CT do Caju, a denunciar conspirações mirabolantes, a acusar “forças terríveis” a serviço do mal. Tudo dentro do previsto. A novidade, desta vez, é a transformação do nosso time num objeto disforme, sem alma e sem chão. Desprezada a única competição que poderíamos ganhar – o campeonato paranaense –, um inexplicável e previamente fracassado “sub-23” desfila com o manto rubro-negro em campos esburacados de cidades interioranas. Já o time principal, com pose de gigante, permanece encarcerado em concentrações e hotéis, no aguardo das primeiras rodadas de um torneio qualquer.

Enquanto isso, dirigentes e auxiliares técnicos cujos cérebros não foram extirpados abandonam o barco, para melhor acomodação dos sabujos de sempre. Resultado: ninguém sabe de nada, ninguém fala nada no mundo da ficção petragliana, onde recados oficiais se ocupam de divulgar a palavra absoluta do chefe. Restabeleceu-se, no CAP, a verdade dos pravdas e das polícias secretas, feita de estalinismo e da desconstrução de imagens e das coisas “velhas”. Na virtualidade dominante, empatar em 1×1 com o Rio Branco significa fazer um gol e não levar nenhum. Ali, somos os melhores porque somos os únicos. Nada existe ao nosso redor.

Ditaduras não são eternas. A que nos sufoca no momento, não se enganem, respira com alguma dificuldade. Falta-lhe ar. Por isso tantos instrumentos de exceção, por isso a clausura. Ditaduras não são eternas. Por isso a certeza que nos anima: o Clube Atlético Paranaense, que é maior do que tudo e que é para sempre, haverá de nos restituir a alegria que desapareceu, haverá de nos dar um time de verdade e devolver à Baixada, templo da paixão sem limites, a mística que lhe pertence. Oxalá.



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