2 mar 2013 - 21h15

Bernardes: "O trabalho não é só de três pontos"

Após o encerramento do primeiro turno do Campeonato Paranaense, com vitória por 3 a 0 sobre o Operário, o técnico atleticano Arthur Bernardes concedeu entrevista à Rádio CAP e revelou certo descontentamento.

Além de reclamar do calor e questionar as cobranças da torcida, o treinador lamentou o excesso de jogadores à sua disposição e disse depender da sorte para conseguir encaixar um time que corresponda às expectativas.

Sobre o desempenho da equipe na partida deste sábado (2), Arthur Bernardes destacou o seguinte:

"Eu acho que nós fizemos gols no momento certo, foi muito importante no início, já com 5 ou 10 minutos já saiu um gol, eu acho que isso tranquilizou um pouco a equipe, a equipe está passando por um momento muito difícil, são jovens, né? Uma situação muito complicada para todos os meninos e até pra gente que está administrando esse trabalho, porque a gente sabe que um Clube grande como o Atlético Paranaense tem que estar sempre ganhando e o torcedor não vem aqui pra ver ninguém perder ou empatar. Então eu acho que eles fizeram, dentro daquilo que foi possível, o que nós pedimos."

Ainda sobre o jogo contra o Operário, o técnico do Rubro-Negro repudiou a reação da torcida no segundo tempo, quando a equipe – que estava com vantagem no placar – passou a jogar na defensiva:

"Mas tem um detalhe que é muito importante frisar, que dentro do campo estava quase 40 graus. Porque as pessoas pensam que, que estão gritando que ‘vai pra frente, vai não sei pra onde’, mas eu quero ver quem grita lá de cima ir lá embaixo correr 10 minutos o que os caras estão correndo. Então é muito difícil, eles estão sob pressão, a capacidade física deles de suportar pressão não é fácil, porque são jovens. Eles conseguiram resgatar um jogo que eu acho que era um jogo muito difícil porque eles têm bons jogadores, trouxeram o Paulo César do Flamengo, que é um bom atleta, eles têm o Rone que é um jogador que bate falta muito bem, tanto com a bola em movimento como com a bola parada o chute dele é muito bom, uma equipe que é bem encorpada, então eu acho que dentro daquilo que nós pedimos o placar foi justo, porque nós estamos buscando um placar desses há muito tempo. Então eu acho que isso aí é um presente de fim de semana para o nosso torcedor, embora eu saiba que eles queiram muito mais", disse.

O treinador também comentou sobre a dificuldade de chegar a uma escalação considerada ideal, diante do excessivo número de jogadores que estão à sua disposição no CT do Caju:

"Nós estamos tentando encontrar uma melhor maneira de jogar. No nosso início nós tivemos um problema na zaga. Aí a gente, no finalzinho, antes de começar, no final da pré-temporada a gente trouxe o Bruno Costa. E aí a gente conseguiu entrosar o Bruno junto com o Erwin. Então são detalhes que eles não saem aqui fora que a gente fica falando, mas tudo isso são dificuldades que a gente passa. E nós estamos com mais de quarenta atletas. Então a gente está refinando, dentro da competição, para trazer a melhor qualidade possível para o Clube. Então o trabalho não é só de três pontos. Dentro do CT temos que fazer uma engenharia terrível para treinar quase 50. Na realidade o número exato são 50 e ninguém sabe. Então você treinar três já é complicado, imagina 50 ao mesmo tempo e querendo jogar 11. Então eu quero saber onde é que coloca o resto. Então é lógico, o procedimento do trabalho é esse, nós temos que ir filtrando, filtrando, filtrando até achar a melhor qualidade possível e isso só aparece nos jogos. Então você só vai saber se o cara é bom se você botar pra jogar. Aí você vai descobrir que uns falham, uns tremem um pouquinho, outros estão se adaptando, então a sua pergunta procede porque esse grupo que jogou aqui, na realidade, tem qualidade, apareceu, como outros também que têm qualidade como o Gustavo, por exemplo, que é um jogador que eu ainda não tive a oportunidade de usar, então eu acho que tem… tem o Lucas Dantas, que não foi possível usar", lamentou.

Diante das dificuldades apontadas, Arthur Bernardes explicou a razão pela qual os resultados não têm sido alcançados conforme o esperado:

"Então todos esses problemas que passam ali no dia a dia, eu tenho que dar sorte de acertar no jogo. E agora nós conseguimos acertar essa equipe (…) a gente vai tentar acertar com esse grupo aqui… tanto é que eu evito mexer muito na equipe, as pessoas pessoas não entendem isso, pra dar um certo conjunto", disse.

Questionado sobre as chances de brigar pelo segundo turno do Estadual, Bernardes ressaltou o objetivo do Clube:

"A nossa proposta é exatamente essa. A gente sabia que o nosso primeiro turno era complicado, mas a gente não pode falar, né? Porque você pra entrar num ritmo de competição em que as equipes, na sua maioria, já estavam treinando desde novembro, é muito complicado. Então as pessoas querem ver o resultado ali no campo, mas não sabem que nós começamos a treinar, na realidade, a maioria do grupo, no dia 2 de janeiro. Então tem os testes físicos, isso leva uma semana, até entrar no treinamento propriamente dito, técnico e tático… aí entra a competição e você tem que ter a sorte de acertar com aqueles jogadores. Então eu acho que o segundo turno, respondendo mais objetivamente, o segundo turno eu acho que promete uma performance muito melhor. Porque como você mesmo disse, eu hoje já conheço a equipe, a equipe já conhece o meu sistema de trabalho e a margem de erro começa a cair."

Sob o comando de Arthur Bernardes e com a equipe Sub-23, o Atlético disputou 11 jogos no primeiro turno do Campeonato Paranaense. O Furacão somou apenas 14 pontos, com três derrotas, cinco empates e apenas três vitórias.



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