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25 abr 2013 - 17h58

Um passeio no Boqueirão

A bola veio esticada no contra-ataque. O gigante zagueiro argentino coxa com penteado emo domina e parecia tranqüilo no lance, mas tenta uma firula, perde a bola, perde na corrida pro Crislan, que bate forte, rasteiro, com a parte de fora do pé esquerdo, decretando o 3 x 0.

Nessa hora a acanhada Vila Olímpica parecia que iria desabar. Se 2 x 0 já parecia inacreditável, aquele gol então provocou a faísca que incendiou um barril de pólvora. Naquele momento me senti na antiga Baixada em algum jogo dos anos 80. A sensação tão boa de outrora se reproduzia ali, uma alegria indescritível que só quem torce pra um time de futebol sabe o que é.

Ganhar do maior rival é muito bom e nessas condições teve um sabor especial. Primeiro por se tratar do rival. Segundo, pelo evidente menosprezo e salto alto do Coritiba que não estava levando o Atlético a sério no começo do jogo. Terceiro, porque coroa o esforço desses meninos do sub-23, que, sem se importar com as críticas do começo do ano trabalharam duro e agora estão colhendo os frutos da sua dedicação.

Quem vem acompanhando os jogos do sub-23 ao longo do campeonato, quem foi aos jogos no Janguito, já vinha notando a evolução do time, mas ninguém poderia esperar o que aconteceu domingo, ainda mais contra um time recheado de estrelas.

Prova de que nome, estrela e firula não ganham jogo.

O CFC até que teve suas chances. Vi o Alex perder duas chances, o Escudero outra, alguns escanteios a favor, que paravam na defesa do Atlético, os impedimentos do Rafinha, mas muito pouco para um Atlético determinado.

Quando um jogador do CFC recebia a bola eram dois ou três atleticanos marcando em cima e com muita disposição. Alex quase andando em campo e muito marcado nada fez. Aliás, do time coxa só o número 20 correu, os demais aquele joguinho improdutivo, toquinho pra cá, toquinho pra lá, chuveirinhos, que esbarravam na raça dos meninos do Atlético.

No segundo tempo o CFC parou de vez e começou a sessão de botinadas. Se quisesse, o juiz poderia tranquilamente ter expulsado o Patric, o Escudero, o William (o pior em campo) e outros. Rafinha era um centro de nervosismo e o retrato do seu time: achou que ganharia só com o nome, reclamava demais e não acreditava no que acontecia. Ao final do jogo falou um monte de idiotices, totalmente descontrolado e ainda exigiu respeito. Muito bem. Respeito por quê? O que ele queria? Que o Atlético estendesse um tapete para que ele e seus companheiros jogassem?

O Atlético mereceu a vitória e com amplos méritos. Soube fazer 1 x 0 e agüentou a pressão no primeiro tempo. No segundo tempo, com o visível cansaço coxa, matou o jogo nos contra-ataques. Bruno Costa e Renan dois paredões na marcação. Héracles compensou sua falta de técnica com muita garra. Elivélton anulou Alex. Hernani, que não vinha bem nos jogos anteriores, foi taticamente e tecnicamente perfeito. Zezinho, enquanto teve pernas foi o melhor do jogo. Edigar Junio cravou de vez seu lugar no time titular e Crislan mostrou que tem faro de gol.

Artur Bernardes com muita paciência conseguiu encaixar um time e um estilo de jogo, bem diferente daquele time retrancado e medroso do primeiro turno. Tanto é que nem o Douglas Coutinho, a principal estrela desse time sub-23 fez falta e foi perfeitamente substituído. Bom lembrar ainda que sobram nesse time bons jogadores como Junior Barros, Harrison, Davi “Manteiga”, Myller Alves, Renatinho, Léo, Jean, além das promessas Marcos Guilherme e Guilherme.

Pode ser que não vá à final do campeonato. Pode ser que numa possível final o Coritiba, além da vantagem dos empates tenha uma certa vantagem pela experiência dos seus jogadores. Mas é inegável que a missão do sub-23 já foi totalmente justificada, que o Atlético já está colhendo os bons frutos da posição que tomou e certamente ainda colherá mais.

E numa final atle-tiba o CFC sabe agora muito bem que não será fácil, que terá de se superar pra ganhar desse aguerrido sub-23 do Atlético.

Independente do que venha acontecer, dos resultados, eu torço muito para que esses meninos encontrem seu lugar no futebol, preferencialmente no Atlético e que nos deem outras alegrias como a que nos deram com esse passeio sobre o rival naquele domingo no Boqueirão. Quem sabe o título de campeão paranaense…



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