Não olhe o placar. O domingo já é triste
I – Os agentes públicos.
Parabéns às autoridades de Joinville que, por concluírem se tratar de evento privado, resolveram não policiar o estádio. ¨É um evento privado? Pois o Estado não tem nada com isso. É um jogo de risco, há vidas em jogo? Não é nosso problema. Laissez-faire¨. Parabéns a esse pessoal, que decidiu em seus gabinetes deixar marginais brigarem entre si e, possivelmente, atingir pessoas de bem inocentes, que nem queriam se envolver na confusão.
II – Os ‘torcedores’. E nós, os torcedores.
Basta de sofrer por conta de atitudes inconsequentes de marginais. Já não temos cerveja nos estádios – porque, supõe-se, nosso estágio civilizatório não permite esse risco (a não ser na Copa, quando seguramente nos comportaremos). Agora, nós atleticanos nem temos estádio. E no ano que vem, como ficará? Teremos que ir para onde depois da punição? E quando voltarmos e não tivermos fosso para separar torcida e o campo? É triste pensar na vida das pessoas que estão hospitalizadas (por mais que, tudo indica, sejam eles os próprios culpados). É também triste pensar nos possíveis inocentes envolvidos. Mas é igualmente lamentável pensar em ir para o estádio com medo, dentro e fora dele. Porém, diante das tragédias que se repetem, e enquanto nada é feito, talvez seja mais seguro (ou não tão ruim) ser simplesmente privado do direito de ir à nossa querida Baixada, por perda de mando. Sim, caminhamos para o absurdo.
III – E agora?
Já é hora de a diretoria tomar uma atitude franca e efetiva. São sempre os mesmos – e estão sempre uniformizados, portando adereços que identificam a entidade que (antes ou ao invés do próprio Atlético) eles pretendem representar. É evidente que nem todos os membros da torcida organizada são culpados. Não se fala aqui em generalização. Mas a partir do momento em que há brigas reiteradas sempre com (vários) sujeitos portando as mesmas identificações, a torcida organizada torna-se, sim, conivente e cúmplice desses mesmos sujeitos.
É intolerável manter essa situação – e a diretoria também não pode tolerar, para não se tornar cúmplice. Esses marginais prejudicam o Clube das mais diversas formas, nem é necessário enumerar. Mas hoje, pior ainda, estão manchando o Clube Atlético Paranaense com sangue.
Cabe a nós, torcedores que não queremos confusão, não queremos briga, exigir uma postura da diretoria. Somos sócios, não? Fazemos e queremos o melhor para o Atlético, não? A torcida organizada também quer o melhor? Então não apresente justificativas para o injustificável. Ajude o Clube (e este tome verdadeiramente a iniciativa) para identificar e banir todos que entraram na briga, incluindo aqueles que nem chegaram a se envolver diretamente na luta física, mas que correram em direção à torcida do Vasco. Avisem à polícia – porque é caso de polícia. Mostrem, ¨torcedores organizados¨, que a torcida organizada realmente deve existir – e não ser extinta pelas mesmas autoridades que foram omissas na fatídica tarde de domingo. Mostre, diretoria do Clube, que realmente se importa com os demais sócios e torcedores em geral, que só querem poder acompanhar o Atlético aonde for. Cheguei a pensar ontem em várias coisas, até em deixar de ir ao estádio. Mas ainda não: cabe a nós exigir providências para que não tirem o Atlético de nós.