23 out 2001 - 19h18

A segurança do Pantera

Flávio Emídio dos Santos Vieira tem 30 anos e é o jogador do elenco atual que está há mais tempo no Atlético. Revelado pelo CSA, Flávio foi contratado pelo Atlético em 95, para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série B. Começou como titular, mas a derrota para o Goiatuba por 2 a 0 logo em sua estréia acabou o levando para o banco. Foi reserva por mais duas temporadas. Em 98, assumiu a camisa 1 e não decepcionou a torcida atleticana, acostumada com grandes goleiros ao longo de sua história. Dono de reflexos rápidos e muita elasticidade, Flávio justifica a cada jogo o apelido de “Pantera”.

Neste ano, passou a mostrar outra qualidade, até então adormecida: é um grande defensor de pênaltis. Salvou o Atlético em vários jogos da Copa do Brasil e impediu a vitória do Coritiba no último domingo ao defender um pênalti cobrado por Enílton. A Furacao.com ouviu o ídolo atleticano (vestindo a camisa do site na foto acima), que abriu o jogo: contou suas impressões sobre o Atletiba, explicou como defendeu o pênalti e falou sobre o futuro do Atlético na competição.

O que os jogadores acharam do empate no Atletiba? Dentro das circunstâncias foi um bom resultado para o Atlético?
Acho que foi. Os dois times procuraram o gol e houve muitos lances de emoção. Mesmo assim, a gente poderia ter aproveitado melhor as chances. O empate foi bom para nós. Não foi bom para o Coritiba, que estava jogando em casa e precisava vencer.

Muitos jornalistas e torcedores consideraram a arbitragem prejudicial ao Atlético. Você pensa desta maneira?
Eu acho que fomos prejudicados na expulsão do Rogério. Foi a primeira falta que ele fez no jogo e o árbitro já deu logo o vermelho. Acho que ele foi muito rigoroso.

E o lance do pênalti marcado para o Coritiba? O Nem cometeu a falta?
Rapaz, eu creio que não foi pênalti, não. O Nem foi de ombro no jogador, uma disputa de bola normal.

Como você defendeu o pênalti? Escolheu o canto ou esperou o cobrador definir?
Eu esperei ele bater e saí no momento certo. Eu tinha a convicção de que ele iria bater ali. Quando o campo está bastante molhado, o batedor tem por segurança bater sempre cruzado. Se ele bater de chapa, muitas vezes ele escorrega por causa do campo encharcado. Quando você vai bater de chapa, você sempre coloca o corpo para trás e é mais fácil de errar a penalidade. Pênalti em campo molhado, por segurança do batedor, é sempre batido cruzado. Eu fiquei com esse pensamento e graças a Deus ele bateu no canto em que eu escolhi.

Você nunca tinha se destacado como um grande defensor de pênaltis. Essa qualidade começou a ser notada apenas na Copa do Brasil deste ano. O que mudou em seu treinamento?
O Almir (Domingues, ex-treinador de goleiros do Atlético) falava que eu caía muito antes na hora da penalidade. Quando o jogador estava chegando na bola eu já estava saindo para um dos cantos, nem esperava a batida. Ele falou que se eu esperasse mais, teria maior facilidade para pegar. Então, eu comecei a fazer isso nos treinamentos e graças a Deus deu certo.

Uma parte dos méritos então vai para o professor Almir, que te orientou desta maneira?
É verdade. Se o Almir não tivesse dado essa dica, certamente eu estaria fazendo as mesmas coisas.

Com a saída do Almir, que foi para o futebol japonês, você passou a trabalhar com o Ricardo Pinto, que chegou a jogar com você em 95 e 96. Como é a convivência de vocês?
É boa, normal como antes. Temos uma boa convivência tanto no lado profissional quanto no lado pessoal.

O Atlético enfrenta agora o Botafogo, em Ribeirão Preto. É importante vencer fora de casa?
Com certeza. Vamos pegar uma equipe que está querendo fugir do rebaixamento e isso aí dificulta o máximo. Para muitas pessoas, este é um jogo fácil, mas dentro de campo é diferente.

Esta partida pode ser encarada como uma revanche de 99, quando o Atlético foi derrotado pelo Botafogo no último jogo da primeira fase e perdeu a classificação entre os oito melhores?
Eu acho que não. É uma outra partida, não tem nada a ver com aquela. A gente perdeu em 99 para eles, mas teve um lado bom. Saímos da competição, mas nossa equipe foi campeã da Seletiva e garantiu vaga na Libertadores. Se tivéssemos nos classificado, poderíamos não ter disputado a Libertadores mais tarde.

Qual a expectativa dos jogadores do Atlético para esta reta final da primeira fase do Brasileirão? A esperança é ficar entre os oito ou já podemos sonhar com as quatro melhores colocações?
O pensamento nosso é de classificar, independente de que colocação for. Entre os oito está bom, mas se pudermos chegar entre os quatro será excelente. O importante é garantir a vaga na próxima fase.



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