Para sempre, Atleticanismo
Meu amor pela Atlético iniciou quando eu ainda era menino. Lembro-me de
uma ocasião, o ano era 1978, eu tinha uns 10 ou 11 anos e o meu cunhado,
fanático torcedor do Colorado (atual Paraná Clube, para esclarecer aos
mais jovens), levou-me para assistir a um jogo entre o Atlético e o
Tricolor na Baixada, provavelmente com a intenção de mudar minha paixão
para o seu clube.
O jogo foi inesquecível, o Colorado fazia uma partida impecável e o
rubro-negro parecia entregue em campo, já eram decorridos 30 minutos do
segundo tempo e o placar apontava 4×0 para o tricolor com justiça. Como
convidado, eu estava no meio da torcida colorada, sentia-me desolado e a
imagem que me vem à mente é a do cunhadão com um sorriso sarcástico no
canto da boca e um olhar de soberba, como se estivesse tentando me
dizer: “Tá vendo? Isso é que é time”.
Muitos torcedores atleticanos já deixavam a Baixada cabisbaixos, e então
o inacreditável começou a acontecer quando o centroavante atleticano
Ziquita, um criolo forte e raçudo fez um gol, “-pelo menos um de honra”,
pensei. Mas aos 34′ novamente ele manda a bola para as redes. Começa uma
festa na Baixada e eu já pensava: “puxa, até que a humilhação não foi
tão grande”. Aos 36′ Ziquita faz mais um e o estádio vem abaixo.
Torcedores voltam da rua, a galera ensandecida nas arquibancadas, afinal
assim valia a pena perder!
Mas aos 43′ minutos do segundo tempo lá estava ele – isso mesmo o
Ziquita de novo, marcando o quarto gol e empatando a partida. 4 X 4
inacreditáveis! Ziquita nunca brilhou tanto em tão pouco tempo. Poderia
ser mais, se aos 44′ Ziquita não tivesse cabeceado uma bola no travessão
do goleiro.
Era o empate mais emocionante e empolgante que eu já havia visto, em
apenas 14 minutos um único jogador fazendo 4 gols. Isso foi incrível! Eu
já não conseguia conter a emoção e, mesmo entre os palavrões e a revolta
da torcida colorada, eu era só alegria e ficava pulando euforicamente
junto ao alambrado com um misto de riso e lágrimas que só os atleticanos
mais fanáticos podem compreender.
Nunca mais esqueci-me da transformação estampada no rosto do meu
cunhado, agora ele tentava me segurar para não “dar bandeira” que ali
tinha um torcedor adversário e o seu rosto era de pura desolação e
tristeza típicas de um guerreiro vencido na batalha.
Que a nostalgia destas lembranças, onde vimos nosso querido Furacão dar
a volta por cima em situações adversas, sejam assimiladas por nós
torcedores e por nossos atletas nesta Semana do Atleticanismo, pois este
é momento que precisamos de pessoas que amem o Rubro-Negro.