Adeus, o Atlético agora é de vocês
Sou daquela época da velha Baixada, de arquibancada de tijolos à vista, onde muitas vezes assistíamos aos jogos do nosso querido furacão agarrados àquele punhado de matinho que insistia em sair das fendas da arquibancada, dando nossa “preciosa colaboração” com a manutenção do estádio. Sou do tempo do velho e interminável Pinheirão, onde enfrentávamos um Interbairros “socado” de torcedores que lotavam as mal-acabadas arquibancadas num Atlético e Matsubara de um sábado à tarde, ou ainda, daquelas noites frias onde, naquela mesma geladeira, nos abraçávamos ao entusiasmado companheiro que, em questão de segundos, se tornava irmão de sangue na comemoração de um sofrido golzinho diante do encardido Barra do Garças.
Ah! Que saudades…
Sou ainda do tempo do retorno à Baixada, da arquibancada provisória do ginásio, do “tobogã” dos fundos onde o Oséias escalava o alambrado naquela inesquecível vitória contra os coxas já nos descontos. Sou do tempo da inauguração da Arena, um sonho conquistado e devidamente comemorado naquela noite com fogos, canhões de luzes, atléticanos ilustres. Sou um torcedor privilegiado de poder estar naquele Atlético 4, São Caetano 2, onde verdadeiramente conquistamos o título maior do nosso querido Rubro-Negro.
E aí tudo acabou…
Aquele jogo das finais foi o último (não considerei aqui a derrota sofrida pelo Atlético pelo mesmo São Caetano, cerca de um ano depois).
Minha carreira de Verdadeiro Atléticano encerra-se precocemente. Tenho 32 anos e há mais de 2 anos não compareço à Arena. Vivo ensaiando uma volta… Quem sabe quando meu filho nascer eu o leve para conhecer o estádio. Só por fora, por dentro deve haver cobrança de ingresso.
Entrego o bastão para esta nova geração de “Verdadeiro Atléticanos” que podem pagar para ver os jogos. Apesar de saber que a maioria nunca pisou no Pinheirão ou sequer conheceram a antiga Baixada. Entrego o Furacão nas suas mãos e peço que vocês continuem apoiando nosso time. Eu ficarei sempre atento, colado no radinho, imaginando um tempo em que podia vibrar ao vivo e a cores. Vocês, que não sabem o que é um alambrado, tem a obrigação de empurrar o Atlético de agora em diante. Espero que, entre uma pizza e uma batata frita, lembrem-se de cobrar uma maior Raça daquele lateral que perdeu um lance ou daquele centro-avante que poderia fazer um gol se não tivesse se abaixado para buscar a correntinha perdida.
O Atlético agora é de vocês. Vou agora me sentar com “os velhinhos” do tempo do Sicupira e do Nilson Borges que “abandonaram” o barco a mais tempo. Despeço-me, cheio de nostalgia, e espero que nunca tenha que pagar para ouvir uma transmissão radiofônica, apesar de não duvidar desta hipótese.
Um forte abraço e boa sorte à nova geração.