29 mar 2004 - 19h08

Opinião de Juliano Ribas

Leia abaixo a opinião do colunista Juliano Ribas:

Sacrifício

R$ 47,90 mensais. É isso que o Atlético Paranaense está pedindo a nós, torcedores. Está certo que o campeonato tem 9 meses, não 12. E que o mais assíduo dos atleticanos gastaria R$ 30,00 por mês, em 9 meses. Mas acredito que agora está de bom tamanho. Ficou mais fácil para o atleticano ajudar o Atlético de maneira efetiva nesse momento de mudança no cenário do futebol.

O futebol brasileiro finalmente começa a dar os primeiros passos no caminho do abandono do amadorismo. O Estatuto do Torcedor, o qual foi amplamente apoiado pela sociedade, inicia um processo que cedo ou tarde trará alterações fundamentais na maneira como se vê a atividade futebolística em terras tupiniquins. E, para variar, o CAP saiu na frente. Pioneirismo que foi contestado. Mas, aqueles que puxam a fila, são sempre contestados e incompreendidos, diz a hitória.

Pode ser que ainda haja resistência por parte de alguns clubes em vislumbrar o futuro, este ano. Normal, muitos deles vivem de passado. Mas acredito que a partir de 2005 já vai ter gente cobrando ingresso de mais de R$ 20,00 para jogos em estádios que são um desrespeito ao público e à sua segurança. Estádios que perto da Arena da Baixada, são apenas uma maloca de sapê.

As cobranças do Estatuto são grandes. Só para colocar cadeiras no estádio todo, sairá 3,5 milhões de Reais, segundo a diretoria do CAP. E ainda tem a manutenção do estádio, do CT, salário (bem altos) de jogadores; comida, vestuário, hospedagem, médico e psicólogo de várias categorias de base; viagens para “olheiros”, viagens para o time e hospedagem, impostos, gasolina dos ônibus, gastos com folha administrativa e gastos gerais. Qualquer pessoa que tenha trabalhado em qualquer empresa, grande ou pequena, sabe que o dia-a-dia de uma organização é como a nutrição de um filho: os gastos são permanentes. O Atlético tem mais gastos que os outros clubes simplesmente porque investe mais. Não deve ser tão dispendioso administrar aquele penico verde de lá de cima do morro como administrar uma Arena.

O futebol brasileiro, capitaneado pelo CAP, pode estar começando a sair da lama. Pode. Não é certeza. Mas o prazo final é 2014, quando poderemos sediar a Copa do Mundo. Até lá, o caminho da modernização e moralização deve ser levado a sério.

Muitos, gritando contra os pacotes, falaram que o Atlético virou as costas para aqueles que protestaram em 1997, contra o escândalo que quase baniu nosso amado Furacão do futebol nacional. Eu estive em todas as manifestações, boicotei a Globo e ainda hoje prefiro usar Adidas do que Nike. Lembro-me que era um consenso entre os torcedores que o Atlético fora vítima de um complô. Hoje, demagogos dizem que salvaram a pele do dirigente Petraglia, que estava envolvido em um negro esquema.

Fico triste com essas cobranças por parte de alguns. Gritamos e lutamos por nosso Atlético, não por ninguém. Um Atlético que foi perseguido por ter assombrado o Brasil em 1996, que foi perseguido por ousar querer ser grande e ter planos gigantescos. Por mandar para a Segundona o time de Havelange, Ricardo Teixeira, da Globo e de toda e elite carioca. Lembro-me claramente das gravações. Petraglia não disse nada comprometedor na conversa com o pulha chamado Ivens Mendes. O presidente do Corithians disse coisa pior, falou em valores e com ele e seu time nada aconteceu. Só com Petraglia e com o CAP. Por quê?

O Atlético incomodou aqueles que queriam manter a máfia. E o presidente Petraglia, foi quem segurou o rojão. Teve sua moral abalada, sua honra colocada em xeque em rede nacional. Hoje sabe-se porque. O CAP, se fosse banido, não teria ganhado o Brasileiro, não teria erguido a Arena e ido a 2 Libertadores. Kleberson não teria sido Penta. E muito mais. Os defensores do atraso teriam eliminado esse calo no sapato chamado Atlético.

Hoje, muito me entristece ver demagogos falando que “quando o CAP precisou, muitos foram à Rua da Alfândega”. Não fizeram mais que obrigação. Ajudar o Atlético é uma obrigacão do atleticano, sempre. Naquela época também apareceram demagogos querendo tirar casquinha em benefício próprio, deputados fazendo discursos acalorados no caminhão de som. Mas eles sempre aparecem nos momentos de crise.

Ajudar o Atlético é uma daquelas obrigações que se faz com prazer. Ainda mais agora, que, quando nos sacrificamos, vemos os resultados. Nos sacrificamos e vimos a Arena subir e o Furacão dominar o país. O que será que virá pela frente se nos sacrificarmos mais um pouco? O continente? O mundo?

Por isso, amigos, ajude o Atlético. Se você pode, compre o pacote. Não entre em ondas sensacionalistas de boicote. NÃO AO BOICOTE! É um absurdo. Seja pioneiro como o Atlético. Seja um dos primeiros a comprá-lo. Nem crediário das Casas Bahia oferece tanto em troca. Nada tem oferecido tanto em troca como ser atleticano. Por isso, ajude, se puder. O Atlético não pode ser apenas instrumento de catarse, farra individual, objeto para se extravasar o cotidiano. Temos que oferecer ao Atlético mais que gritos.

R$ 47,90 mensais. Agora dá para ajudar. Tudo isso que eu disse acima é apenas uma humilde opinião. Ninguém vai comprar pacote por causa dela. Mas se você pode e pensa no Atlético, tenho certeza, depois de fazer as contas, que você vai ajudar. O sacrifício que você fará é por uma das causas mais importantes que temos na vida: o nosso querido Rubro-Negro.

Juliano Ribas
Colunista da Furacao.com

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