Um sonho de campeão
Eu não me lembro muito bem…
Na verdade estava naquele estado semiletárgico, quando você está meio dormindo, meio acordado…
Por isso, ainda acredito ter sido um sonho. Um sonho de campeão.
Eu me vi diante da Arena, aquecida de vermelho, que vibrava ao pulso dos iluminadores, ao ritmo do batuque e na freqüência das ondas dos braços e punhos cerrados…
Lá dentro, a bola corria solta entre pés de meias pretas, para lá e para cá, até uma cabeça quica-la para dentro da rede. Era o Washington, fazendo o que mais gosta – gols…
De repente uma loucura tomou conta do moleque, que correu quase com os pés acima do gramado, de tão rápido. E como Mercúrio, voou para cima dos esverdeados, e cumpriu sua missão – mais um dagolaço…
E o jogo fluia, feito água de piscina, que chacoalha mas não transborda, e ele desfilou a categoria que lhe era presente, mas insistia ser inconsistente, intermitente, mas que agora aflorava firme, sólida que desmanchava no ar. Finalmente Ilan calou. A mim, a torcida nossa e a pouca deles, e a si próprio. Jogou a jogada secular. Não foi gol, foi placa. Foi arte.
Enquanto o norte fugia do outro time, a orientação cada vez mais ficava nas mãos, olhos, coração e mente de um moleque. Tão tranquilo e preciso, que simplesmente irritava o adversário. Numa destas irritações veio o castigo final. Uma falta desqualificante, um corpo rolado ao chão, que após capengar até o local da cobrança, desferiu o tiro de misericórdia
acima das cabeças, abaixo do travessão, ao lado do goleiro, no ângulo…
Jadson olhou e sorriu…
E a Arena explodiu.
Tomei um susto, e palpitante saltei do sofá, com os olhos esbugalhados.
Levei alguns instantes para perceber o sonho… a fantasia…
Ah, como seria se fosse…
Meu sonho de campeão… o rubronegro do meu coração!
Mas, tudo bem. A decisão ainda não foi. Vai ser.
E será assim, se deixarem.
Esta noite acenderei uma vela, para que a chama ilumine Mário Sérgio…
E eu possa sonhar o sonho novamente.
Na concretude da realização.
E saudar meu rubronegro, o justo campeão.