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23 abr 2004 - 18h28

A novela do Furacão

Fica muito difícil, num momento destes, dizer alguma coisa. É um pouco complicado mensurar palavras e buscar justificativas lógicas para o que aconteceu ontem, no Morumbi, assim como o coração rubro-negro não consegue esquecer “a festa dos ervilhas” no fim de semana último.

Tive a oportunidade de assistir o jogo, e vi um treino de ataque contra defesa no primeiro tempo, com os defensores do Atlético reduzindo a pó os badalados são-paulinos. Assisti a uma aula, do que um atacante não precisa fazer no futebol. Vi um time “massacrar” taticamente o outro, e por a torcida adversária pra dormir.

Porém, não vi o real espírito do futebol estar presente nos pés, consciência e vontade dos jogadores. Não é o mesmo time que domingo passado fez o melhor jogo da sua esvaziada temporada, e por enquanto, o melhor jogo que vi do Atlético desde a final de 2001? Não é o mesmo grupo de jogadores de bola que vive repetindo aos quatro ventos e microfones: “vamos continuar trabalhando muito… neste campeonato, cada jogo é uma decisão e temos que estar preparados…” e outras frases prontas do tipo? Então, onde está aquele time de homens que eu vi no Atletiba? Nesta quinta o time adversário mostrou-se limitado e o nosso (dói até em mim escrever desta forma) se fez de covarde, de fraco, de PEQUENO, como se fosse um desses timinhos que vai jogar fora de casa em busca de um “empate, pelo menos”.

Quem instalou esta covardia neles? O interino? A consciência deles? Só Deus sabe. Eu sei que, podemos esbravejar, reclamar, criticar, cobrar, protestar, mas os jogadores estão pouco se preocupando. O salário deles está em dia e no final do mês eles receberão normalmente, assim como estão pouco se lixando para como ficam os responsáveis, a razão direta e indireta deles estarem empregados: nós torcedores.

Alguns dos que estavam em campo fizeram boas atuações, o que não é mais do que suas obrigações enquanto jogadores de futebol. E fiquei bastante contente com a atuação deles.

E por isso mesmo disse que é difícil dizer alguma coisa. Um gol a favor, e diríamos que foi um show rubro-negro. Num empate, diríamos que apenas faltou sorte. À derrota, a visão nítida de omissão, covardia e incompetência.

E antes que venha a imprensa alviverde do Paraná dizer que no nosso time há uma crise, vamos dizer a eles: é apenas uma fase ruim. Perdemos duas partidas, e todos (os torcedores) estamos muito tristes, apenas isto. Por mais que a invencibilidade de quase 6 meses não surtiu em resultado algum (um título, por exemplo), mostrou que temos um time forte e bom para a briga do campeonato brasileiro. E jogando com decência, fará uma boa campanha sim.

Começou a novela Brasileirão 2004. O primeiro capítulo do Furacão pode ser intitulado como: “ser competente ou covarde, eis a questão”. Ainda tem mais 45 capítulos, numa história só. Teremos pequenos prelúdios, como os 23 capítulos de casa, que será cheia conforme a vontade e a competência dos seus “habitantes (os jogadores)”. O outro prelúdio, pode ser: um técnico de mais resultados, menos invenções. Muita água ainda vai rolar.

E acompanharei o nosso Furacão de onde e como puder, domingo, neste ano, e sempre, na esperança de ser ainda mais feliz.

Pois simples é a pessoa que não sabe o prazer de ser atleticano, Um prazer do qual só o fim da vida me fará perder.



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