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19 maio 2004 - 23h56

Mistérios

Eu tenho um interesse, posso até dizer grande, per alguns mistérios: triângulo das Bermudas, Discos Voadores, o Sudário de Turim, Piarâmide do Egito, coisas do gênero.

Agora devo dizer que existe um novo grande mistério para mim, superior a todos esses outros, já que diz respeito a uma coisa que faz parte de minha vida: o que está havendo no Atlético? Sim, porque não posso, não consigo entender, o que faz os ditos “donos” do Clube Atlético Paranaense agirem da maneira que estão agindo. A proibição da bateria da torcida organizada Os Fanáticos me parece um caso de puro revanchismo. Por que não há outra explicação.

Nunca vi diretoria de um clube de futebol no Brasil proibir coisas como está acontecendo atualmente no acesso à Arena. E é isso que me parece um mistério inexplicável. Para um clube de futebol, entendo que a conquista de títulos é o máximo que pode se almejar. Pois com isso conseguirá maior representatividade entre a população fã de futebol. A conta parece simples: quanto mais títulos, mais torcedores, gerando mais comparecimento ao estádio, mais consumo da marca, etc. Coisa que qualquer aluno de marketing explica rapidinho. Sem torcida, só se ganha campeonato de xadrez!

Pois a diretoria atual quer quebrar esse paradigma. Eles não fazem questão que os torcedores comparecem ao estádio (melhor: eles querem que os torcedores de maior poder aquisitivo compareçam, não aqueles que pagam meia-entrada e não consumem nada nas lojas). Ao mesmo tempo, fazem questão de deixar claro que quem manda são eles, tomando a decisão de impedir o acesso de “instrumentos musicais” e de “sinalizadores” ao estádio. Enfim, tiram aquilo que, para mim, é a alma da torcida do Atlético, conseqüentemente, do time. E para que? Por quê? O estatuto do torcedor diz que isso deve ser feito? Pergunto: mesmo que diga, vão, algum dia, marcar os ingressos no Maracanã e impor isso às torcidas cariocas? Duvido! Isso não faz parte da cultura brasileira (certo ou errado, o brasileiro não gosta muito de “imposições”), principalmente no tocante ao futebol. Imaginem o Maracanã lotado e a polícia impedindo (tentando impedir) o acesso da famosa charanga do Flamengo à arquibancada…Guerra civil!

Mas, voltando ao centro da questão, quem é que está ganhando, impedindo a torcida de torcer? Impedindo que externemos nosso amor pelo Furacão? Isso me lembra uma música do Cazuza…

…Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim …

Apesar de ter sido escrita para externar um “desagrado” com a situação brasileira e apesar de continuar a ser aplicada ao País ainda hoje, 16 anos depois de ter sido lançada, podemos substituir uma nação pela outra, trocando “Brasil” por “Atlético”. Continuo querendo saber quem paga, quem é o sócio, qual o negócio do Atlético, porque os nobres da diretoria não estão se comportando como pertencentes à nação rubro-negra.

Parecem mais aquele piá, dono da bola de futebol do bairro, que, contrariado pelos seus amigos nas brincadeiras, tendo seu desejo não atendido (já que é muito mimado), desconta montando grupinhos, separando os amigos, só para fazer valer o seu poder. Quem não teve amigos arrogantes e prepotentes na infância? A diretoria age igual: perdeu na justiça a questão do ingresso, mas quer mostrar seu poder decadente impedindo a imensa maioria da torcida a expressar seu amor pelo clube. Dizem: “se quiserem, é assim que será. Senão, para mim tanto faz…”

Ou será que o clube quer passar a ser um “criadouro” de jogadores, comprando-os jovens e vendedo-os se tiverem algum futuro? Para isso, tanto faz como ou sem torcida; na primeira ou segunda divisão. Talvez seja esse o novo negócio…

Quem está levando vantagem com essa situação???

O jogo de sábado passado, contra o Santos, seria muito mais fácil se a torcida estivesse jogando com o time. Não foi, porque a diretoria continua querendo mostrar que na Arena quem manda são eles. Pois vou dizer que não. Como a Fanáticos diz, a Arena é do povão. Ou a Arena será o maior teatro ao ar livre desde os tempos da Grécia Antiga – só que vazio e sem alma.

Quero voltar a ver a alma do Atlético – liberem a bateria!

Em tempo, tenho o orgulho e sorte de ter visto o Washington jogando na baixada. Exemplo de vida e de profissionalismo, como um verdadeiro atleticano, cuja tradição, vigor sem jaça, legou-o sangue forte. O destino o fez atleticano, e, tenho certeza, ele não teme a própria morte porque faz aquilo que ama e inspira todos que o acompanham. Um verdadeiro Rubro-negro. Assim como o Diego e como o comportamento do Marinho, no jogo de sábado. Aproveitando novamente uma inspiração do Cazuza, “Marinho é o cara!”



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