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19 maio 2004 - 23h53

O gélido Caldeirão

Irmãos, estou decepcionado. O time fez a sua parte, muito embora restem ainda algumas “observações” quanto ao elenco. Lutou, mostrou garra e, em uma das poucas oportunidades que teve, anotou o tento da vitória. Palmas para o brilhante Levir, para o bravo Washington, para o incansável Marinho e, por que não (?!), para todos os demais jogadores, inclusive Ilan que, se não vive sua melhor fase, correu e mostrou o brio de um verdadeiro atleticano.

Minha decepção, na verdade, é motivada pelo que vi nas arquibancadas, não no campo. Estava lá, senhores e senhoras, no setor “amarelo”, anel superior, logo acima dos visitantes. E de lá vi (e ouvi) o que parecia impensável no nosso Caldeirão. Pude “sentir a pressão”, desde o início, da meia dúzia de santistas que, andar abaixo, gritavam o nome do seu time e faziam ecoar pela silenciosa Baixada a ovação aos seus atletas.

Não me dei por vencido. Assim que notei a apatia dos Fanáticos, nosso “motor” de vibração, tentei eu mesmo puxar o grito de “A-tlé-ticoooo”. Uns poucos irmãos me acompanharam, de início, antes que perdesse completamente a voz. No mais, até o fim do jogo, só pude ouvir, revoltado, o grito dos santistas se sobrepor aos nossos, enquanto os Fanáticos “homenageavam” Coronel Petráglia e seus familiares, não sem resposta do restante do estádio que, nestas ocasiões, vaiavam os próprios irmãos, entendendo que ali, mais importante do que protestar, era torcer para o nosso Furacão.

Não tiro a razão dos Fanáticos, afinal valorizo sim a importância deles para fazer fervilhar o Caldeirão. Mas também não posso pactuar com a apatia de uma torcida que se diz a mais vibrante do Brasil. Se a intenção é protestar, sugiro irmos todos até a casa do Coronel e lá jogarmos algumas moedas, mostrando que os ganhos financeiros nunca vão sobrepujar a paixão pelo vermelho e preto do nosso pavilhão. Assim fizeram os santistas quando o seu atual técnico os “trocou” pelo Corinthians. Importante é que eles protestaram contra um homem, não contra uma nação. Que tal se mostrássemos nossa reprovação à diretoria e, ao time, mostrássemos nossa paixão. Garanto que assim, nunca mais, passaríamos pelo vexame do silêncio frente a uma torcida visitante que, no passado, já aprendeu a lição.



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