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28 ago 2004 - 17h46

Alma e coração

Claro. Lógico! O óbvio aconteceu. A diretoria porco-verde fez a sua parte e deu seu “jeitinho” para amornar a nossa vibrante (a mais vibrante do Brasil) torcida. Eles estão certos, afinal. Nós, torcedores fanáticos, somos o que faz a diferença em clássicos como este que se aproxima. E eles sabem disso pois chafurdam, não pastam.

Já a nossa diretoria faz o contrário e, para piorar, abre precedentes para este tipo de medida. A proibição da bateria, dos adereços e afins que, neste jogo, valerá apenas para nós é consequência da absurda e incompreensível medida anterior, de mesmo teor, tomada por nossos próprios diretores, válida em nossa própria casa e, o que é pior, contra a nossa própria torcida. Quem foi ao jogo contra o Santos na primeira fase, ou em qualquer outro depois, sabe bem do que estou falando.

Sinceramente me pergunto de onde sairam estes cidadãos que não são capazes de enxergar o óbvio. Se a tão propalada estratégia de marketing do Atlético desconsidera a vibração da torcida como ferramenta importante no discurso persuasivo, sinceramente, devo estar na profissão errada. A bateria, os fogos, as faixas e bandeiras, os gritos, a fumaça rubro-negra e a pressão dos 90 minutos são um apelo emocionante. Garanto que se, naquele primeiro jogo da final de 2001, houvesse um coxa-branca no meio da nossa torcida ele teria gritado e pulado no gol da virada de Alex. Teria se esbaldado no pênalty, tamanha era a vibração que, só de lembrar, arrepia.

Tenho uma idéia! Por que não se oferece aos donos de camarotes no anel inferior um pacote pay-per-view? Assim eles vão ao estádio e assistem ao jogo com todo o conforto, como se estivessem em suas casas… pela televisão! Estádio, meus caros, é lugar de grito, de bateria, de vibração. A meu ver até as cadeiras são desnecessárias e, até certo ponto, prejudiciais ao espetáculo da torcida já que, por via obtusa, acanham quem gosta de ver o jogo em pé, pulando e cantando.

Deixo aqui registrado meu apelo para que nossos “cartolas” deixem um pouquinho de lado seus “manuais de marketing” e vivam o clube com paixão. Marketing, senhores, se faz com sensibilidade e talento. E já tivemos mostras de que alguns em nossa cúpula têm muito do segundo e nada do primeiro.

Ah! E, por favor, da próxima vez em que recebermos a visita de nossos “(co)co-irmãos”, proibam a entrada de adereços, camisas e, se for possível, dos próprios torcedores. Quem sabe isso possa compensar a falta da nossa bateria, da nossa alma, do nosso coração.



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