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1 dez 2004 - 23h07

Nuvem estranha

A segunda-feira está terminando. Meu corpo não se livra da dor que não quer ir embora. Uma nuvem estranha, carregada de incerteza, estacionou sobre minha cabeça inchada. Tenho alucinações. Estou no centro de um bombardeio. No céu, o teco-teco de três cores lança seus mísseis ultrapassados. A guerra parece caricata. Absurdamente, porém, os soldados de vermelho e preto se curvam à ofensiva raquítica. Não acredito no que vejo. Eles não se movem. Numa fração de segundo, a vitória vai embora – em definitivo, é a idéia que me chega num primeiro impulso.

Caminho sem direção em busca de um trago. Quero pensar em coisas agradáveis, dormir, acordar, estar em outra cidade, em outro tempo, livrar-me das horas que me atormentam. Foi apenas um gol, uma cabeça que se antecipou ao nosso zagueiro, dirão os otimistas incorrigíveis. Ainda estamos na frente, somos os favoritos. A longa competição se aproxima do fim. Vamos ganhar.

Pode ser. Acontece que os deuses do futebol são ortodoxos. Não perdoam a retranca, a frouxidão, o excesso de confiança. Implacáveis, os deuses. Amam a alegria dos gols, dos dribles, das firulas. Inventaram que o ataque é a melhor defesa e insistem em mostrar isso aos teimosos. Não me conformo, repito impropérios e deixo a pergunta solta no vento: faltando poucos segundos para o fim do jogo, por que ninguém deu um chutão? Não me conformo, ainda: por que permitir que um adversário estraçalhado se enchesse de brios e viesse para cima de nós? Por que tanta passividade diante da tragédia que se anunciava? A bola entrando no ângulo não sai do meu pensamento. Durante o dia, inventei trajetórias alternativas para ela, que sobrava sempre nos pés de um dos nossos, que ganhava tempo, que catimbava, que se atirava no chão, que urrava de dor, que punha o coração no bico da chuteira. Logo em seguida, vinha o doce trilar do apito de sua excelência. O resultado era nosso. Estávamos com a mão na taça e comemorávamos feito loucos.

Tenho vontade de procurar culpados e passar-lhes uma descompostura. Não é hora, me diz a razão. A nuvem de incerteza é que será passageira. Os meninos permanecem concentrados. Continuamos em primeiro, faltando apenas três decisões. Nada está ganho. Precisamos manter a humildade de sempre. O professor tem o grupo na mão e o negócio é não perder o foco. Vamos para um jogo de 270 minutos, com o apoio da nossa torcida. A longa competição se aproxima do fim. Somos os favoritos e não vamos deixar que nos alcancem.

Chavões. No fundo, acredito neles. Dias melhores virão. O passado não me incomoda mais. Em pé, companheiros! Façamos a contagem regressiva. De volta à Baixada, onde aniquilaremos o Azulão. Aí, é bordar mais uma dourada de cinco pontas no manto sagrado. Bicampeão brasileiro, bicampeão brasileiro! Oxalá, meu pai.



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