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13 dez 2004 - 17h02

Muito mais que uma derrota em campo

Fiquei ensaiando, após o jogo de domingo contra o Vasco, uma boa desculpa para os Atleticanos que fatalmente me ligariam ou mandariam e-mails. Pior ainda, fiquei concentrado na busca de palavras sábias que dessem aos arqui-rivais um momento de reflexão e arrependimento por testarem a nossa paciência. Infelizmente não obtive sucesso imediato nem para um nem para outro. Pedi até ajuda a Deus.

Mesmo durante o jogo, entre suspiros, gritos e lamentações dos que acompanhavam ao meu lado o esforço do Atlético pela vitória e continuidade do projeto BI, já tentei imaginar o que seria de nossa segunda-feira se o Atlético não vencesse a partida. Não que se tratasse de pessimismo, mas o pobre São Caetano fraquejando diante do Santos e a postura pouco agressiva do Atlético no primeiro tempo remeteram-me as reflexões. Com o gol do Vasco, as coisas se tornaram mais difíceis. Deixei de pensar no título para pensar nas respostas e, como a vida é repleta de perguntas sem repostas, quem perdeu fui eu.

Nesta triste passagem, a lição aprendida é a da razão. Já que não posso responder pelo meu time, já que não posso mudar o ontem, faço aqui a minha indagação a todos: Vocês já pararam para avaliar o que aconteceu ontem?

O Vasco venceu. O mesmo Vasco que marcou a história do Paraná Clube pouco tempo atrás prejudicando-o impiedosamente. O mesmo Vasco cujo estádio desabou na final da Copa João Havelange em 2000 ferindo dezenas de torcedores, contra o mesmo São Caetano que foi covardemente prejudicado esta semana nos tribunais, mostrando que novamente o São Caetano sofre e o mesmo Vasco fica impune. O mesmo Vasco que permitiu que o ônibus do arqui-rival fosse invadido e seus atletas e dirigentes agredidos. O mesmo Vasco que tenta de todas as formas se beneficiar com a divisão das cotas da televisão. O mesmo Vasco que faz o que bem entende e manda até na polícia carioca, o mesmo Vasco, o mesmo Vasco.

Sabem que se beneficia com isso? O Santos de Vanderlei Luxemburgo. O mesmo Vanderlei Luxemburgo que não precisa de referências ou apresentações, o mesmo Vanderlei Luxemburgo, o mesmo Vanderlei Luxemburgo.

Sabem quem perde? O Atlético Pararaense. O Atlético Paranaense que é referência nacional pela organização. O Atlético Paranaense que paga os salários em dia. O Atlético Paranaense que tem como referência um jogador batalhador, persistente, que tornou-se o maior artilheiro de todos os tempos em campeonatos brasileiros. O Atlético Paranaense que tem o estádio e o CT mais moderno da América Latina. O Atlético Paranaense cujo dirigente teve a coragem de “peitar” o desprezível Eurico Miranda em prol do interesse comum. O Atlético Paranaense, O meu Atlético Paranaense, o nosso Atlético Paranaense.

Portanto, meus queridos atleticanos, adversários (os respeitáveis) e todos os brasileiros, o que aconteceu ontem foi muito mais do que uma derrota em campo, foi uma derrota da VIDA. Este domingo, dia 12 de dezembro de 2004, entra para a história da humanidade como mais um dia em que, infelizmente, o MAL VENCEU.



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