A culpa é nossa
Caros companheiros atleticanos. Desde domingo temos lido muitas histórias, estórias, denúncias, pronunciamentos, fatos, reclamações, divagações, etc., etc., etc. No meio disso tudo, o que mais me chamou a atenção são os relatos de como o Eurico montou o esquema para criar uma panela de pressão no estádio e como fez o Joel Santana para motivar os jogadores do Vasco. Eles usaram um expediente simples: a enorme confiança dos jogadores, dirigentes e, principalmente, torcedores do Furacão. Com isso, exaltaram a torcida e provocaram os jogadores para a “batalha”.
Conclusão: todos falamos demais. Fizemos o mesmo que o pessoal do Santos fez durante bom tempo do campeonato e estão fazendo agora. Só que agora não tem mais jeito: o adversário do Peixe será o Vasco.
Temos que aprender com nossa própria experiência: só soltamos o grito de “É Campeão” aos 42 do segundo tempo no Anacleto Campanela em 2001. Fomos humildes. Mas esse ano, estávamos confiantes desde o Atletiba do Couto. E podemos ficar confiantes, mas o discurso tem que ser desconfiado. Os jogadores e comissão técnica deveriam ter continuado com aquele discurso decorado que já cansamos de ouvir. É horrível, mas dele não se pode tirar nada para ser usado contra.
O Atlético perdeu na bola: tanto no Rio como em Erechim, e também em Caxias e na Arena contra times que deveriam ser batidos se jogassem com mais seriedade. As provocações fora de campo são conhecidas. Os jogadores deveriam estar preparados. Não estavam. O semblante do Washington quando chegou perto da torcida antes do jogo era de visível preocupação, irritação e medo. E todos procuraram o rosto de Washington. Era ele o termômetro. Se o sempre calmo e simpático artilheiro estava carrancudo, imagine os seus companheiros.
Fomos nós que motivamos os vascaínos. Nós fizemos com que eles jogassem o jogo da vida deles. Fizeram o atlético temer o Vasco. E deveria ser o contrário: eles deveriam temer o líder.
Paciência: vamos curtir a decepção, levantar a cabeça, aplaudir o time domingo e nos preparar para montar caravanas no próximo ano, em mais jogos, mostrar a força da torcida, e viajar para bem longe, para outros países, pois jogaremos outra Libertadores. Quem sabe não seguiremos o time até uma disputa de título já no primeiro semestre? Que tal em Buenos Aires?
Só nos cabe torcer, jogar muito e falar menos.