Para mim, Ricardo Campelo foi muito feliz na idéia que desenvolveu na sua coluna do dia 27/01/2005 (A Caverna).

Nós torcedores não vemos mais que “imagens distorcidas” da atual política vigente dentro do Atlético. Não sabemos o que realmente acontece. Também, a realidade não nos diz respeito, não é a nossa conta. Mas do que uma inteligente comparação, o texto do Campelo nos mostra a inquietação que tomou conta do torcedor atleticano: o que está havendo? No que o Atlético está se transformando? O texto é um ótimo alerta para todos.

Hoje (28/01/2005) fiquei ainda mais assustado com o andar das coisas ao ver a notícia (paraná-on-line) de que Fernandinho também deverá seguir para Ucrânia, “só que somente em Julho”. Isso se deve à necessidade que o Atlético tem de cobrir seu orçamento, segundo Fleury.

E eu, estupidamente olhando para as sombras projetadas no fundo da caverna, pergunto: que orçamento deve ser coberto, senhor Fleury??? As obras de término da Arena? As contratações que foram realizadas em 2005? Os salários enormes que são pagos aos atletas?

Que orçamento deve ser coberto? Não temos dinheiro? Estamos falidos?

E as rendas do segundo semestre de 2005, inflacionadas após o aumento do preço dos ingressos? E a venda do Ilan? E a venda do Jádson? E o dinheiro da TV? Já foi isso tudo?

Ou será que são os tubarões que estão cobrando seu naco de carne? Aqueles tubarões cujo alimento principal é derivado da negociação de atletas e de acordos e convênios com clubes (estes últimos coniventes nessa política, ansiosos pela sua parcela de dinheiro); incríveis bandos de tubarões que estão mastigando o futebol, transformando jogadores em investimentos de curto prazo, com juros pré-fixados, enfim os jogadores estão passando a ser um CDB vivo de fundos de investimento. Será que não são os tubarões que estão exigindo do Atlético o retorno imediato ao “investimento realizado”? “Quero realizar meu lucro. Está na hora de vender”… Como vamos saber, só vemos sombras distorcidas!. O negócio futebol está tão rentável que até apresentadores de programas de televisão estão passando a “representar” jogadores. O mercado está fervilhando, basta ler sobre o assédio que os atletas da tal copa São Paulo de Juniores sofreram e estão sofrendo. Parece leilão de cavalos de raça. E os clubes, interessadíssimos em participar desse festim É nisso que se resumirá o futebol num futuro próximo: lucros com negociações de jogadores? É isso que você, atleticano, quer para seu time de coração?

Para sentir o coração da torcida, basta ler as mensagens postadas no fórum do Furacao.com. A maioria está em dúvida sobre o futuro. Mas mesmo nesse debate podemos ver que não existe uma concordância total: há controvérsias. Da mesma forma que lá, dentro daquela caverna. Se formos até o fim da história, veremos que aquele sujeito que conseguiu se libertar e sair da caverna pôde, enfim, ter uma visão clara das coisas. Viu que havia uma realidade por trás das imagens refletidas na parede da caverna. Ansioso para revelar aos outros o que descobriu, voltou à caverna e contou, assombrado, a todos, qual era a verdadeira realidade. Causou tamanha comoção que foi morto pelos companheiros, que acharam altamente improvável, “uma loucura”, as coisas que lhes estavam sendo reveladas.

Torcedores atleticanos que, assim como eu, continuam presos dentro da caverna, vendo as imagens distorcidas da realidade, refletidas na parede do fundo, mantenham a mente aberta àqueles que, por ventura, conseguirem sair ao exterior e voltem nos contando o que realmente há por trás: da venda do Jádson, Fernandinho, Dagoberto e outros; do aumento dos ingressos; da proibição da bateria d’Os Fanáticos; da falta de dinheiro; das contratações estranhas; da insistência no Fabrício; etc, etc, etc. Por pior que sejam as revelações, não ataquem aquele que nos esclarecer, mas sim, lembrem-se dos verdadeiros tubarões e seus amigos.

Torço para que alguém saia da caverna e volte para nos esclarecer.

Em tempo: no texto que escrevi e tive o prazer de ver colocado no Fala, atleticano do dia 27/01/2005, exprimi minha decepção com o meio-de-campo que poderia sair jogando contra o Joinville, o qual seria composto por Alan Bahia, Cocito e Fabrício. O colega atleticano Rafael Dal-Comuni enviou-me um email, alertando para a injustiça de colocar o Alan Bahia na mesma cumbuca que o Fabrício. Assim, sinto-me na obrigação de esclarecer que não foi essa a minha intenção. Acho que o Alan Bahia foi um grande destaque no ano de 2004 e tenho certeza que será ainda mais nesse ano de 2005. Somente quis destacar o quanto perdemos em qualidade de armação com a saída do Jádson e o quanto iremos perder com a volta do Fabrício, que já mostrou o futebol que tem.