31 mar 2005 - 11h36

Opinião de Marcel Ferreira da Costa

Transmissões
por Marcel Costa

O Campeonato Paranaense vai caminhando para a anunciada decisão entre os dois únicos times do Estado que merecem um lugar na primeira divisão do futebol brasileiro. O Atlético, hoje um dos maiores clubes do futebol nacional, contra o seu maior rival que ocupa uma posição entre os times médios de nosso país. O normal seria a consagração atleticana em todos os campeonatos estaduais, tamanha a diferença entre os rivais da capital paranaense. Mas o futebol nos prega surpresas, muitas desagradáveis, como em 2004, quando um dos melhores times do país sucumbiu em sua moderna Arena para um grupo esforçado que sequer avançara na Libertadores da América. Surpresa como seria tratada uma possível classificação do Iraty para a final contra o Atlético. Um belo time, com jogadores jovens e dispostos a pregarem mais uma peça em cima dos verdes, seu antigo freguês, mas considerado por vários setores da imprensa como uma "galinha morta".

Não bastasse a precariedade do falido Campeonato Estadual que deveria ser substituído pela interessante e lucrativa Copa Sul-Minas, os torcedores atleticanos ainda precisam acompanhar uma série de aberrações nas transmissões televisivas do campeonato. Normalmente acompanhamos os jogos pela Rede Globo, uma das maiores emissoras de televisão do mundo. Quando todos aguardam um show de qualidade transmissiva são surpreendidos pela narração de Jasson Goulart, um razoável apresentador de programas, que dizem ser simpático e com vontade de acertar, mas com nítida deficiência para narrar jogos. Não acompanha bem o jogo, confunde os jogadores e é irritante ao repetir as mesmas frases e jargões. Quantas vezes o atacante Renaldo, com quase 40 anos de idade, foi chamado de garoto?

Ontem, quando a torcida atleticana enfim teve a oportunidade de acompanhar a transmissão através de outra emissora, nova desilusão. A maneira tendenciosa com que o evento foi transmitido pela equipe da TV Educativa, que, de forma parcial e inescusável, pretendeu atribuir à arbitragem a responsabilidade pelo indiscutível resultado da partida. O narrador Marcelo Fachinello tem competência para narrar jogos, mas sua perseguição ao Atlético era visível. Não bastasse isso, o narrador esteve acompanhado do comentarista Sílvio de Tarso, este um caso à parte. Abusando de palavras difíceis na vaga tentativa de impressionar os telespectadores, o comentarista aproveitou a grande audiência para aumentar a polêmica criada pelo Sr. Antônio Lopes sobre as arbitragens no Paranaense. Ora, será que o desespero da cúpula verde (manifestado através de carta maliciosa enviada à Federação Paranaense de Futebol) já está contaminando alguns setores da nossa imprensa? Ou teria sido apenas má-fé dos aludidos "jornalistas"? Neste último caso, passaria a acreditar que, infelizmente, o Sr. Milton Neves fez escola por estas bandas. De qualquer forma, é bom que o Atlético mantenha os olhos bem abertos. Afinal, futebol se ganha fora de campo também!

No final da transmissão, provavelmente chateado com o 4×0, a dupla enganou-se em relação ao regulamento e afirmou que uma derrota atleticana por 1×0 no jogo de volta, levaria a partida aos pênaltis. No fim do show de horrores, o repórter de campo ao questionar o treinador Zezito sobre o resultado recebe a resposta de que foi justo. Insatisfeito, pergunta se a arbitragem não influenciou no marcador. Ainda sem a resposta que pretendia ouvir do coerente treinador londrinense, um misto de tristeza e medo de ver o Atlético campeão fechou a irritante, mas cômica transmissão do jogo. No sábado tem mais, mas para a sorte de vários atleticanos, estaremos dentro da confortável Kyocera Arena, felizmente afastados de comentários tendenciosos e ofensivos ao maior do Estado.

Marcel Costa é colunista da Furacao.com. Clique aqui para ler outros textos de sua autoria.

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