O Atlético no divã
Fiquei impressionado com o teor da coletiva do Petraglia. Quando soube da coletiva, me programei pra que as 18 hs. eu pudesse ouvir o que o Deus do Pombal tinha pra dizer. Mas as rádios nada passaram. Exceção nada honrosa pra Banda B ( AM 550 ), que durante 5 minutos passou o esporro coletivo do Petraglia ao vivo, e cortaram abruptamente justamente na hora em que o Remi Tissot pediu a palavra, disse que ia falar como torcedor e o Petraglia disse que como torcedor ele não era convidado ( grande novidade ). Logo em seguida, o corte.
Devo concordar, parcialmente, com o Petraglia, que a imprensa paranaense é horrível. Mas se ele quer exaltação aos bons projetos do Atlético ( que são bons mesmo ), ele deve tomar a iniciativa e convocar as coletivas. Não é se escondendo e, quando aparece, chutando o pau da barraca, que ele vai conseguir alguma coisa. A capa da Tribuna de hoje ( 13.05.05 ) foi um exemplo.
Agora, duas coisas me chamam a atenção. Primeiro, o rancor contra a organizada. Não sou membro de organizada, mas entendo o suficiente pra saber que as decisões erradas do clube são tomados pelos diretores do clube, e não da organizada. E entendo o suficiente pra saber que a massa só acompanha a organizada se quiser, inclusive no xingamento. Não sei o que houve, se foi o estatuto do torcedor, se a briga é política ou sabe Deus o que. Só sei que faz muito mal ao Atlético e a culpa pertence quase que integralmente a diretoria, que foi quem criou esta situação, aumentando irracionalmente preços de ingressos, isolando a torcida organizada em um canso e, por fim, proibindo a bateria, tudo sem justificativa plausível.
Em outras palavras, parem de por a culpa na torcida organizada pelo fracasso na montagem do time de futebol e pela frieza que caracteriza a Kyocera Arena de hoje. Essa culpa é unicamente de vocês, diretores.
Outra coisa. A frieza com que é tratado o futebol. Pra que a organização, a universidade do futebol e todo o resto. Pra nada? Olhem a incoerência. O Petraglia quase teve um chilique pra dizer que o vice-campeonato brasileiro não é valorizado, mas ao mesmo tempo diz que a Libertadores nada vale no momento. Dá pra entender alguma coisa? Se você entendeu, me explique.
Por último, a entrevista do Levir merece um comentário. Tão pessoal como a do Petraglia, mostra que o importante não é o Atlético. O importante é mostrar que se é integro. O Atlético fica em segundo plano, ou melhor, o futebol do Atlético fica em segundo plano. Mais vale dizer que é honesto ( e tem que ser mesmo ) do que se empenhar em demonstrar que o Clube está em primeiro lugar.
Deduzi o seguinte. A parte administrativa do Atlético vai muito bem. A parte de futebol e de relacionamento com o torcedor vai tão mal que nem sei mais pra que serve a parte administrativa. Me parecia que o Atlético era um clube de futebol, e como tal vivia pra seu torcedor. Espero que esse pensamento não seja enganoso.
Petraglia sugeriu que vão todos ao divã pra solucionar seus problemas. Proponho que vá o Atlético ao divã e constate se ainda precisa do Petraglia. Não o homem que alavancou o Atlético, mas este que está aí hoje, e que não é mais a mesma pessoa que comandava os destino do clube até dois anos atrás. Vejo que a torcida está dividida, mas que a parte que defende o Petraglia o defende pelo seu passado, e não pelo seu presente.
Desconfio que o Atlético vai descobrir que Petraglia não é Deus, e que existem outras pessoas, tão competentes quanto, mas com uma visão maior de que futebol é paixão, principalmente quando se fala do Atlético. E aí, Petraglia vai ser parte da história. Como Evangelino para os porcos. Como Jofre para nós.