Violência e vandalismo ofuscam festa do título
São Paulo – Para o futebol brasileiro, esta quinta-feira ficará marcada não só pelo terceiro título do São Paulo na Taça Libertadores, mas também pela violenta batalha entre policiais e torcedores iniciada no Portão 4 do Morumbi. Mais de cinqüenta pessoas foram atendidas pelo pronto-socorro do estádio, outras tantas, centenas talvez, deixaram a região sem atendimento.
Policiais põem a culpa na Torcida Independente, que, parte dela, sem ingressos, tentou invadir o Morumbi aproveitando-se do tumulto formado nas três catracas do local. Torcedores, muitos inocentes, reclamavam do excesso de violência, para eles injustificada, da polícia. "Eu e meu amigos íamos entrar, quando vieram para cima de nós com os cassetetes. Nem sabiam quem a gente era e bateram", afirmou Luciano Almeida dos Santos, de 23 anos. Seu amigo, Sidney Gratuliano Moreira, acabara de levar quatro pontos na cabeça, cortou o braço e apresentava dos cortes nas costas. "E olha aqui nossos ingressos, poxa!", mostrou à reportagem da Agência Estado o torcedor machucado.
Sidney e Luciano faziam sim parte da Independente, mas garantem que estavam esperando na fila para entrar. "Agora vamos embora sem nem ver o jogo", lamentou – era ainda o primeiro tempo. "Vou pensar dez vezes antes de voltar para um estádio", afirmou, muito mais revoltada a relações públicas Márcia Regina Veronese, de 48 anos. Foi ao jogo com duas sobrinhas e o namorado de uma delas, não viu nada da partida porque no Portão 4 recebeu uma pedrada na cabeça. "A gente estava esperando para entrar e de repente começou o empurra-empurra, o pessoal da torcida começou a tacar garrafa, pedaços de cadeira, nem sei. E a polícia começou a atirar (balas de borracha). Foi um horror", contou Márcia.
Estimativas dos policiais (não oficiais, portanto) davam conta de 40 detidos pelos agentes, que chegaram a utilizar bombas de gás lacrimogêneo para conter o tumulto.
Um dos últimos torcedores feridos chegou ao ambulatório do Morumbi carregado por quatro homens da polícia. Um dos agentes que acompanhava o procedimento, perdeu a cabeça. "Esse aí não é torcedor não, é bandido, ele cansou de bater na gente, é marginal. Tinha de levar é tiro na cara!!"
O clima era tenso, incompatível com uma decisão de Libertadores em que dois times brasileiros disputavam o título. "A gente vem aqui para torcer e é tratado assim", dizia, chorando, Luiz Antônio de Jesus, de 20 anos. Não era de nenhuma torcida organizada, tinha ingresso e levou uma paulada na cabeça.