Atlético, o grande!
A minha maior preocupação como torcedor atleticano após a conquista do título brasileiro de 2001 foi com relação ao que viria nos anos seguintes. No futebol brasileiro, o período que sucede uma grande conquista historicamente define os rumos do clube campeão. Foi assim com o Guarani em 1978, com Coritiba em 1985, com o Bahia em 1988, com o Criciúma em 1991 e com o Juventude em 1999. Após arrebatarem títulos representativos no cenário nacional, todas estas equipes simplesmente não suportaram o peso de suas próprias conquistas, e sucumbiram nos anos seguintes, retornando ao seus modestos estados anteriores. Os títulos importantes conquistados por clubes como Criciúma e Coritiba na verdade representaram acidentes de percurso, não se conformando com suas realidades, que lhes impõem destaque meramente regional.
Assim, passados já quase quatro anos de nossa maior conquista, percebo que minhas preocupações já não se mostram necessárias. É verdade que em 2002 e 2003 o Furacão parecia rumar ao limbo do cenário nacional, há tempos ocupado pelos demais times do Estado: participações de figurante na Libertadores e nos nacionais pareciam indicar que o Atlético, assim como o Criciúma ou o Juventude, já teria tido seus cinco minutos de fama no futebol brasileiro. Mas não foi assim: em 2004 o rubro-negro chamou todas as atenções do país, e disputou o título brasileiro ponto a ponto, até a última rodada. Instaurou-se uma rivalidade, até então inédita, entre paranaenses e paulistas. Veio 2005, e o Furacão, com um plantel raçudo mas fraco tecnicamente, despachou o estrelado time santista campeão em 2004, assim como o time que é a base da seleção mexicana. Chegou à final contra um São Paulo superior dentro e fora de campo, e que merecidamente ergueu a taça. Sejamos honestos: não seria justo o talento de Amoroso, Cicinho e Luizão sucumbir ao esforço de Fabrício, Lima e Aloísio.
O Atlético deixa sua terceira participação na Libertadores da América de cabeça erguida. Se o vice-campeonato não escreve uma página na história do futebol do continente, prova que finalmente o Paraná possui um clube de futebol de chegada, que não se contenta em ser mero figurante nas competições. Enquanto os torcedores do Coritiba vêem o ápice de suas glórias numa simples vitória contra nosso rubro-negro, o torcedor atleticano hoje é reconhecido, respeitado e temido pelos quatro cantos do país, e muito em breve, da América. O Atlético não tinha a bagagem necessária para levar precocemente a Libertadores; mas está, a passos largos, se consolidando como uma potência do futebol, e que certamente em breve terá condições de conquistar a América.
Se antes nos limitávamos a rivalizar com os locais, hoje o atleticano rivaliza com torcedores do Brasil inteiro. E o paranaense de Foz do Iguaçu, Cascavel, Maringá, Londrina e de todo o interior já sabe que existe um time em seu estado que pode fazê-lo se orgulhar, sem a necessidade de optar por um time de fora: este time é o Clube Atlético dos Paranaenses!