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17 jul 2005 - 19h14

O espetáculo do Terceiro Mundo

Brasil, país do Futebol. Eis que no ano de 2005 esse país apaixonado por futebol sediou a primeira final de Libertadores com dois times do mesmo país, dois times brasileiros, e, sendo assim, em minha humilde opinião, o jogo de maior patamar disputado por dois clubes brasileiros em toda a rica história de nosso futebol.

Expectativa, ansiedade, ah, quantos sentimentos em torno de um jogo assim. Porém estamos no Brasil. O país dos bastidores, do mensalão, da CBF, de Eurico Miranda, do “jeitinho”.

E como não poderia deixar de ser, a final da Libertadores de 2005 começa através dos bastidores, do famoso “jeitinho” muitas vezes usados por times do “eixo” na história de nosso futebol. Ora não sejamos ingênuos, a primeira partida da final não foi tirada da Kyocera Arena por questão de regulamento.

Estive presente de corpo e alma nas duas finais como não poderia deixar de ser em vista meu imenso amor pelo Clube Atlético Paranaense. Desde a quinta-feira à noite o que se via aqui em Curitiba era um imenso movimento em torno da Kyocera Arena, também, não era por menos. Final de Libertadores, o muro sendo destruído e barracas sendo armadas para a fila de ingressos com três dias de antecedência eram ingredientes para deixar qualquer Atleticano eufórico. Enfim chegam a segunda-feira e o anúncio oficial da Conmebol de que o primeiro jogo da final seria no estádio do Beira-Rio. Tristeza geral em torno da Kyocera Arena e era de partir o coração ver o choro das pessoas que acampavam na fila de ingressos desde sexta à noite. Enfim, negociei com o chefe no trabalho e me mandei para Porto Alegre. Chegando lá o que vemos, sem desmerecer o gigante da Beira-Rio é mais um estádio ultrapassado de nosso país. Vista longe do campo, instalações precárias, pessoas urinando em túneis de acesso às arquibancadas e um frágil portão separando as torcidas sem nenhuma e eu disse NENHUMA escolta de policiais. Não demorou em o portão ser destruído e as torcidas se enfrentarem nas arquibancadas do estádio. E o mais irônico é que tivemos um público inferior a 40.000 pessoas.

Fim da primeira disputa e a torcida atleticana encara mais 800 km de volta para casa. E, ainda não satisfeita, a Diretoria do São Paulo dá uma carga reduzida de ingressos à torcida do Atlético. Às 8:00h de quinta feira dia 14 os ônibus de nossa torcida deixaram a capital Paranaense. Porém fomos liberados para entrar no estádio apenas no intervalo do jogo, ou seja, às 22: 40. Aliás, que se faça justiça, com razão, pois era inviável a torcida atleticana entrar no estádio do Morumbi com o cenário de caos que se consolidava em torno deste. Chegando lá, a entrada da torcida adversária no Morumbi é um total desrespeito ficando vulnerável a dois anéis de torcida do São Paulo jogando o que bem entender. Entrando a coisa piora. O São Paulo futebol clube não oferece nem um e eu disse NENHUM bar e barraca de alimentação. A visão da torcida adversária é um imenso desrespeito a qual fiz questão de tirar uma foto. Lá fora o que se via, era a barbárie que tomava conta das ruas de São Paulo mesmo com o time ganhando.

O que mais dói nessa história toda é que esses times: São Paulo, Internacional, Vasco, etc. quando vêm jogar na Kyocera Arena, entram direto no começo do jogo, usufruem de boa visão, banheiros de azulejo, praça de alimentação com lanchonetes e ainda, pasmem, soltam comentários ironizando o nosso estádio, caso das entrevistas desse irresponsável dirigente do São Paulo. Queria que ele passasse tudo o que a torcida do Atlético passou no esquema armado por ele para nos receber.

Aliás, fica a pergunta. O que é mais importante? Público ou segurança?

Para a Conmebol, CBF e diretoria do São Paulo parece que é público. Parabéns a todos por essa “magnífica” final, parabéns à CBF, CONMEBOL, diretoria e torcida do São Paulo por proporcionarem esse magnífico espetáculo, o ESPETÁCULO DO TERCEIRO MUNDO!!!

Sou Liverpool desde criancinha!!



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