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27 ago 2005 - 20h08

Tese de doutorado

Lendo o brilhante texto do Ricardo Campello, dei belas gargalhadas, e resolvi entrar no jogo. Em qual jogo? Contra os “bambis”, é claro, pois tenho certeza absoluta que eles lerão estas “mal traçadas linhas’ como dizia a música do Erasmo Carlos, construída no tempo do amor ingênuo, do amor puro, desprovido de outros interesses – pelo menos não tão flagrantes como acontece nos tempos atuais -, mas deixemos de divagações e vamos direto ao assunto.

Confesso que minha caixa de entrada tem andado completamente preenchida, também cheia de ofensas. Nunca recebi tantas mensagens como recebo atualmente. Parece mesmo, como sabiamente disse o Campello, que os “bambis” não têm outra coisa a não ser ficar “sapeando” o Furacao.com. Isso deve lhes dar um prazer enorme, já que o brilho da própria vida parece não lhes oferecer motivação alguma. Fico imaginando o que esses “bambis” farão quando o Clube Atlético Paranaense, o meu fabuloso, magnífico, espetacular, Atlético Paranaense completar o seu projeto.

Imaginem-nos observando o estrondoso sucesso atleticano, com a Areninha pronta, nosso ginasinho com capacidade para 8.000 pessoas – confortavelmente sentadas, é claro, nada de bancos com pedaços de madeira, que poderão ser utilizados como lanças, com o melhor CT do Brasil concluído, com a fantástica Kyocera Arena com capacidade para 40.000 lugares totalmente concluída, isso sem falar em outros empreendimentos, que por certo virão.

Também sou do tempo da velha social da Getulio Vargas, dos degraus pequeninos em que assistíamos jogos, sentados – aquilo dava uma sensação horrível de que eu estava fazendo necessidade fisiológica de cócoras, no mato, rssskkkk -, do velho ginásio da Buenos Aires, dos bailes de carnaval que ali brinquei, dos velhos pinheiros que ficavam nos fundos do estádio, do tempo do Sicupira, do tempo do Fião – como era ruim aquele cara -, do tempo em que os títulos eram decididos em escritórios imobiliários ou em um certo endereço ali por perto da Rua Souza Naves, do tempo em que tinham que buscar jogadores nossos na casa de diversões “Quatro Bicos”, enfim, do tempo de tanta coisa maravilhosa, do tempo de tanto sofrimento, que, como disse muito bem o Campello, ajudaram a construir a minha personalidade e esse amor incondicional que nutro pelo Clube Atlético Paranaense.

Também sou fanático e sinto muito orgulho de sê-lo. É isso que os outros, e entre esses outros, os “bambis”, jamais entenderão o que é ser atleticano.

Ser atleticano não é só torcer para um time, essa é a parte menor de todo um contexto. Essa é a parte mínima, indispensável, para se ter o privilégio de sentir outras coisas mais, para ter acesso à extraordinária sensação de fazer parte da família atleticana. O atleticano é diferente.

Algum sociólogo deveria fazer um estudo para definir o que é ser atleticano. Em tempos ruins, essa mística, essa mágica, faz com que pessoas, que não têm nada a ver com outras pessoas, vejam derrubadas todas as barreiras culturais, sociológicas, econômicas, que poderiam afastá-las dessas outras pessoas, e magistralmente, ocorre uma comunhão – não sei como -, que as tornam iguais, perfeitamente iguais. Talvez aí esteja a razão do comportamento do Sr. Petraglia e do nosso contentamento, da satisfação nossa, ao presenciar aquelas cenas em que ele voltava a ser criança, moleque atleticano.

Em tempos bons então, a alegria é contagiante, extremamente contagiante. Faz-nos esquecer até da crise política que atravessa o nosso país.

O Clube Atlético Paranaense é um mistério indecifrável. Pode ser uma bela tese de doutorado.



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