A invasão atleticana em Porto Alegre
Chegou o final do ano para os atleticanos. Ano repleto de conquistas, polêmicas, vitórias, empates e derrotas.
Ano marcado pela queda do muro com o Expoente, marcado pela Libertadores, pelo título do Campeonato Paranaense, pela bela recuperação no Campeonato Brasileiro, pela volta do craque Dagoberto e pelo rebaixamento dos pigs.
Todavia, para mim, a imagem atleticana de 2005 foi a verdadeira invasão que a torcida atleticana promoveu em Porto Alegre na inédita final da Libertadores.
Impedidos de disputar a primeira partida no santuário da Arena, a massa atleticana foi empurrada para a capital do Rio Grande do Sul, no momento histórico do GLORIOSO (este sim é glorioso) Clube Atlético Paranaense.
Na segunda-feira que antecedeu a primeira partida final, por volta das 18:00h, saiu a confirmação definitiva de que a primeira partida deveria ser disputada em solo gaúcho, numa decisão totalmente política que visava tão somente atender aos interesses paulistas. Era sabido que a disputa na Arena seria desleal, afinal de contas o Atlético seria empurrado por 40 mil ensandecidos torcedores.
As filas que tomavam conta do quarteirão ao redor da Baixada foram aos poucos sendo desfeitas, as obras das tubulares perderam o sentido e um sentimento de revolta tomou conta do povão.
Inobstante a isso, uma imensa mobilização tomou conta da comunidade atleticana. Caravanas, excursões, pela terra e pelo ar, começaram a surgir. Em pouco mais de 24 horas, 25 mil atleticanos já aguardavam a hora do embarque.
Eu e meus dois irmãos embarcamos no vôo da Gol que decolava do Afonso Pena às 07:35h e uma cena ficou marcada. No caminho para o aeroporto, passando pela Getúlio Vargas às 06:00h da manhã, centenas de ônibus se amontoavam nos arredores da Baixada. Torcedores enlouquecidos aqueciam os pulmões, num sentimento do mais puro atleticanismo. A essa hora, a Avenida das Torres mais parecia a BR 277 em época de safra. Porém, ao invés da fila de caminhões carregados de soja rumo ao Porto de Paranaguá, o que se via era uma gigantesca fila de ônibus, todos lotados de Rubro-negros, que tomava conta de todo o acostamento até o início da BR 376.
O mais impressionante é que tudo aconteceu num intervalo de pouco mais de 24 horas. Pensava com meus botões que se aquele jogo fosse realizado no final de semana (o jogo foi na 4.ª feira), aspecto semelhante à famosa invasão corinthiana ao Maracanã teria ocorrido no Beira Rio.
Naquele momento, e durante toda a viagem, tive a mais plena certeza de que o sentimento de amor que move o coração de cada torcedor atleticano é algo que não pode ser explicado.