A razão do fracasso
Na década de setenta, o Coritiba sobrava e enfileirou uma séria de títulos. Nos anos noventa aproveitando a estrutura deixada pelo Pinheiros e a fragilidade dos adversários o paraná clube ganhou um pentacampeonato. O Atlético hoje sobra no estado e tem uma estrutura capaz de rivalizar com grandes clubes nacionais. Mas então por que fracassa no campeonato paranaense. Muitos hoje estão procurando na figura de jogadores, do técnico que se foi, ou daquele que assumiu o cargo, os culpados pelo fracasso. Mario Celso Petráglia assumiu a culpa e não poderia ser diferente. Até aí tudo bem, todo ser humano erra. Cometer os mesmos erros ano após ano é que não é normal. Ainda mais para aquele que é o mentor da transformação Atleticana. E quais são estes erros.
1) A costumeira demora na definição do treinador. Todo final de ano vem o presidente Fleury com a máxima: Não temos pressa, queremos um profissional jovem… para um trabalho de longo prazo.
2) Além da demora, o profissional em questão desconhece o elenco. Até aqui já temos um bom motivo para um possível fracasso. O campeonato já está em andamento, e tem curta duração. Até definir uma equipe e seu padrão de jogo o campeonato já pode ter terminado. Pelo menos para nós. Mas diante da mediocridade do campeonato paranaense ainda assim é possível ganhá-lo mesmo sem ter um time voando. Mas aí entra outros motivos que se repetem ano após ano.
3) Ao término do brasileiro normalmente ocorre o desmanche. Não vamos aqui entrar no mérito da questão. Muitos são os motivos. Os altos valores envolvidos no futebol tornam quase que impossível manter uma equipe, ainda mais se vem de campanha com destaque. Vão argumentar que este ano foram poucos a deixar o clube. E mais os jogadores contundidos que demorariam a voltar, foi o suficiente para o time entrar nas primeiras rodadas totalmente descaracterizado, no setor de criação e no ataque. Aliado aos dois primeiros motivos começa a se formar a receita do bolo.
4) A costumeira demora na contratação de novos valores. Já temos aí pelo menos dois que deverão ser donos da camisa titular e, no entanto não puderam ser inscritos.
5) Agora a que considero se não a mais grave a mais irritante para a torcida. Também todo final de ano uma penca de jogadores emprestados voltam ao clube. Embora jovens, velhos conhecidos da torcida que já demonstraram não possuir os requisitos para compor o elenco são colocados a disposição do treinador. Este com o pretexto de conhecê-los os escalam. O motivo da reintegração destes jogadores é a parte mais obscura. São novamente colocados na vitrine por serem parte do patrimônio do clube que precisa achar um novo interessado? Ou será que são reintegrados por serem apadrinhados de diretores e procuradores que querem o retorno do seu investimento. Entra o brasileiro e os mesmos são negociados, pois com os mesmos a diretoria sabe muito bem que o time não vai longe. De qualquer maneira a receita esta quase pronta para o novo e possível fracasso.
A cobertura é completada com atitudes polêmicas, e que com uma incrível falta de habilidade são colocadas no momento que o clube e o elenco mais precisam de sossego. Como o anúncio dos pacotes e o aumento dos ingressos à porta da decisão do título há dois anos, e as novas normas de atuação da imprensa semana passada. Embora tenham sido entendidas pela maioria da torcida como justas, da maneira inábil como foi colocada, novamente um prato cheio para tumultuar o ambiente. Sem falar o caso Aloísio.
O campeonato paranaense pode ser desinteressante, enfadonho, prejudicial financeiramente ao Atlético. Mas enquanto existir deve ser ganho. O interessante que a mesma diretoria que procura desdenhar o paranaense e o usa como laboratório, fica tremendamente irritada quando o perde. Perde não. Quando o joga mais uma vez no lixo. O Atlético possui um grande déficit de títulos, especialmente estaduais. É o mais fácil para compor o currículo de um clube que quer rapidamente ser reconhecido como grande mundialmente.
Portanto, por favor. Mesmo que o clube faça grandes campanhas este ano, não usem como desculpa para jogar na cara de todos que o trabalho é perfeito. E por favor, mais uma vez. Quando dezembro chegar, que não retornemos ao item um. Não temos pressa… queremos… para um trabalho de longo prazo.