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25 maio 2006 - 13h58

The after day

Está virando rotina! Já não dói tanto, mesmo porque o infortúnio pré-anunciado tende a diminuir a angústia, o sofrimento e principalmente a vergonha. Estamos mais ou menos como o sujeito que bebe todo dia, acorda cuspindo barbante e com a cabeça estourando. Para ele, o dia sempre começa assim, portanto não estranha mais.

A torcida do Atlético vive a história do nosso bêbado! Longe se vão os tempos que, após a derrota, a noite tornava-se longa, e o despertar irreal, imaginando num primeiro momento que tudo não passava de um pesadelo, fruto de noite mal dormida. Longe está a época em que antes de pôr os pés na rua, afinava-se um discurso único, com argumentos irrefutáveis, para combater a gozação e a perfídia adversária, sempre apontando um único culpado; ora o juíz; ora o pênalti desperdiçado; noutro momento o péssimo estado do gramado, altamente prejudicial para um time leve e de toque de bola refinado, e por aí, a coisa seguia, mas sempre defendendo com unhas e dentes a bandeira rubro-negra!

Hoje as coisas estão muito melhores. O despertar após uma derrota, é o mesmo despertar de todos os dias. Não existe mais diferença. Cadê o mau humor? Cadê ocdiscurso preparado madrugada adentro para encarar os adversários? Cadê a preocupação em não encontrar os amigos e conhecidos torcedores de outros clubes? Isso já não existe mais! Mesmo porque eles também já estão fartos de um assunto que é praticamente o mesmo toda quinta e toda segunda feira!

Não existe mais novidade. O nosso grande Atlético, virou uma massa disforme, amorfa, desfigurada e de cor esmaecida, que sequer gozação dos adversários merece mais. Todos cansamo-nos de culpar este ou aquele. Não existe sequer culpados mais. Está tudo certo, e tal qual nosso bêbado, o certo, o normal, é como estão acontecendo as coisas.

A indiferença e a desídia pelos péssimos resultados colhidos em campo este ano, que até pouco tempo atrás eram características da diretoria, da equipe e da comissão técnica, passarram para a torcida, e neste toque, caminhamos todos felizes rumo à segundona, tendo no comando nosso grande timoneiro, que nos seus parcos e preciosos aparecimentos, dignos de endeusados ditadores, continua afirmando que está tudo certo, tudo correndo conforme o maldito planejamento de 1.995, portanto dentro da maior normalidade possível!

Não tem nada normal não Sr. MCP. O senhor é responsável por um dos maiores clubes do Brasil e quiçá do mundo, com um patrimônio inestimável que é a sua torcida, e o senhor, somente o senhor, está acabando com esta tradição, esta marca, esta bandeira, e mais: com a nossa alegria e nosso orgulho de sermos atleticanos.

Nunca fomos ricos! O Atlético nunca foi medido por cifrões. Nunca fomos uma usina de processamento e formação de jogadores. Não precisamos disso! Precisamos antes de tudo, de um time guerreiro, formado por homens valorosos e com vergonha na cara, dispostos a morrer pelo Atlético, e não desta escória que aí está, mais parecendo um bando de retirantes só esperando o pau-de-arara rumo à terra prometida!



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