O nosso Atlético não é isso
Vadão vai assumir a melancolia em forma de grupo. Um bando de tristes cuja única expectativa, a cada semana, é perder. Vadão vai ser consumido pela tristeza, a mesma tristeza givanilda que nos deram em lugar do paraíso prometido. Porque Vadão não é deus. Os que se acham deuses do Atlético estão escondidos, contando os seus metais, sujando as suas mãos. O nosso Atlético, o único Atlético, não é feito de cimento; é feito de paixão. Não é feito de tecnologia ou ciência avançada; é feito de rádios de pilha grudados em orelhas aflitas. Não é feito de rococós; é feito de simplicidade.
Os que se acham deuses do Atlético se esconderam, como ratos, como ladrões da nossa alegria. Isso aí, o que restou de uma feira moderna de transações milionárias, o conjunto desconexo que veste a camisa do nosso amor, isso foram eles que inventaram. Eles roubaram o nosso Atlético para inventar o Atlético deles. E o Atlético deles é isso: não é Atlético. O nosso Atlético é único. É nosso e não é isso.
Recuso-me a consumir o Atlético da tristeza givanilda. Recuso-me a sofrer por ele. Vadão não é deus. Logo, vai ser consumido pela melancolia em forma de grupo. Não vai salvar o Atlético deles. Pouco importa. Quero saber do nosso Atlético. Mas o que me assusta, o que me assusta de verdade, é a visão de um futuro que eu não quero para nós. Por onde anda o nosso Atlético? Alguém saberá responder? O nosso Atlético, cadê? O Atlético que é único e não é isso? Onde estará, meu Deus?