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17 nov 2006 - 11h03

Modificar a mim mesmo

Para não dizer um palavrão, direi que fique indignado com alguns acontecimentos provocados pelas torcidas organizadas apaixonadas (?) do Clube Atlético Paranaense, principalmente com aquelas “vergonheiras” – como dizem os matutos – que fizeram ontem. Que paixão maluca é essa que lhes extrai a razão?

Em primeiro lugar, gostaria de registrar que até ontem, não me posicionava contra as torcidas organizadas, tanto do Clube Atlético Paranaense quanto dos outros times. Hoje, em conseqüência daquelas atitudes vergonhosas feitas por bandidos travestidos de fanáticos torcedores no jogo contra o Pachuca, em conseqüência de alguns fatos ocorridos recentemente, como aquele que se deu no Aeroporto Afonso Pena em que alguns jogadores coxas tiveram que sair no tapa com torcedores, e em conseqüência daquela palhaçada no jogo contra o Paraná em que perdemos um mando de campo, confesso que mudei radicalmente de posição. Chega! Entramos na era do caos.

Sou da era romântica do futebol, quando não havia recomendação para “matar a jogada”, época em que o futebol arte era respeitado até pelos adversários. O futebol arte foi vítima de um sistema sujo e nojento, que conseguiu inverter valores. Isso fez com que o futebol e seus bastidores mudassem muito e para pior. Inúmeras foram as vezes em eu e meu pai voltávamos de Atletibas, descendo a rua que dá do Couto Pereira (Belfort Duarte) para o Passeio Público, tendo ao lado torcedores coxas, todos nós com as camisas dos nossos times do coração. Descíamos tirando e levando sarro, cada jogo uma estória e uma vontade louca de dar o troco no próximo jogo, somente no próximo jogo. Nada de extravasar recalques em pessoas por conta disso. Bons tempos aqueles.

Concordo em partes com o artigo do Rossi em nosso site falando sobre as organizadas. Discordo totalmente quando ele diz “salve-se quem puder.” Penso que poderemos nos salvar e salvar o Atlético das garras dessa gente. Totalmente inconcebível qualquer pessoa, facção, torcida, movimento, seja lá o que for e em qualquer forma, querer determinar como e onde deverá torcer qualquer outro cidadão presente no estádio da Kyocera Arena. Ora isso é inconstitucional. Qualquer cidadão leigo sabe disso. A salvaguarda desse direito é um princípio democrático. Qualquer atitude contrária a isso é característica de regime totalitário.

Não vou falar que todos os membros da Fanáticos agem assim, eu estaria sendo injusto. Tenho grandes amigos lá, mas há pessoas infiltradas nessa bela torcida que assistem jogos completamente turbinados ou chapados. Outros adoram dar um “tapa na macaca” em dias de jogos do Atlético. Ora, nem que eu quisesse e pudesse, não teria condições de ver o jogo de futebol dessa maneira. Não conseguirei nunca, até porque não bebo bebidas alcoólicas, não cheiro e nem dou tapa na macaca. Meu comportamento, pelo menos aparentemente, é de uma pessoa normal. Uma pessoa normal respeita a forma de ser do outro, sabe conviver com o diferente.

Quando uma parte da torcida reporta-se a outra, chamando-a de turista, playboy, rico, almofadinha, e mostra-se descontente, agride, parte para a agressão física contra a outra parte, não há como negar que estamos diante do caos. Por muito menos, Hitler comandou um exército, reuniu gente desse tipo e saiu exterminando quem não pensasse ou não fosse como ele. Isso é um absurdo. Um dos lados bons da torcida Fanáticos é esse desprendimento, essa luta que eles travam para que em qualquer parte desse planeta, sempre haja um torcedor com a bandeira atleticana em jogos do Atlético. Outro lado bom é essa energia que emana das arquibancadas, esse grito de guerra, esse empurrar sempre para frente, mas ontem, confesso que vi o lado ruim das torcidas organizadas. Fiquei extremamente preocupado quanto ao futuro do Clube Atlético Paranaense.

Sempre preguei e prego aos quatro cantos do mundo que assistir a jogos na Baixada é um programa extremamente seguro. Não é mais. Enquanto isso não se resolver, enquanto o movimento das torcidas organizadas não se extinguir, ver jogos na Baixada é tão perigoso quanto assistir a jogos no Treme-Treme e/ou Pinga-Mijo do Couto Pereira, porque em ambos os lugares, encontrar-se-á essa praga de organizadas que insiste em querer acabar com o futebol. Como estudioso de pessoas portadoras de dependência de drogas ilícitas e lícitas como o alcoolismo, sei que essas manifestações calhordas se reproduzem sem os seus agentes saibam exatamente o que estão fazendo. Tenho certeza absoluta que, hoje, esse pessoal está numa ressaca desgraçada e profundamente arrependido pelo que fez ao grande amor das suas vidas, que é o Atlético Paranaense. Isso também se dá com familiares. Muitos alcoólatras ou dependentes de outras drogas são capazes de matar esposa, filho, mãe, pai, dormir com o cadáver ao lado e no outro dia, sair chorando, berrando, “mataram meu filho”, e, no entanto, terem sido eles mesmos que os mataram, em completo apagamento. Eles estavam totalmente fora da realidade.

Portanto, para acabar com isso, nem acabando com as torcidas organizadas. Para acabar com essa estupidez, somente proibindo a entrada ao campo de quem estiver turbinado ou chapado. Materialmente, não há como fazer isso, porque muitos turbinam e se drogam dentro do estádio mesmo e também, faltariam elementos técnicos para determinar que estaria ou não turbinado ou chapado.

O que faremos então? Estaremos perdidos? Em partes, senão vejamos: olha, é muito linda aquela versão do Pynk Floyd (não sei se é assim mesmo que se escreve), adaptada aos coxas. É gostoso cantá-la. Pergunto-lhes, isso é bom? Trará algum benefício? Embelezará mais o espetáculo? Imaginemo-nos como ficam os coxas ao ouvir um cântico desses. Eles gostarão disso? Logicamente que haverá retaliação por parte deles, e mais provocações com revides e mais provocações. Nossos filhos nas escolas, nossas crianças, desde pequeninos já cantam, hei coxa, vá tomar….! Isso é produtivo? É construtivo? É educativo? É disso que o futebol precisa?

Vamos torcer, gritar, cantar, mas vamos fazê-lo com espirituosidade, com inteligência, vamos manter o respeito. Isso é loucura? Aparentemente é, mas, se formos olhar profundamente a questão, perceberemos que a bomba terá de ser desligada, alguém tem que começar a desmontar a bomba, caso contrário ela explodirá em nós mesmos, em nossos filhos, netos, bisnetos. Haverá um tempo, e esse tempo é para muito próximo, em que ficar em parada de ônibus com camisa de qualquer time, representará risco de vida. Pode-se levar uma bala de qualquer maluco incendiado pelo ódio das organizadas. Isso é o cúmulo! É isso que desejamos para o nosso mundo, por causa de futebol, algo que deveria ser praticado com requinte, classe, com arte? Por que eu estou dando voltas? Quero dizer que podemos mudar isso, que diferentemente do Rossi, penso que não estamos em regime de “salve-se quem puder.” Poderemos iniciar um outro movimento, contrário à violência que se pratica hoje. Cantar aquele hino na Arena também é uma violência e por quê incentivamos nossas criancinhas a cantarem esse hino do Pynk Floyd. Não estaríamos agindo exatamente como aqueles guerrilheiros judeus e palestinos que ensinam seus filhos desde bebês a odiarem a outra etnia?

A partir de hoje, eu não canto mais essa “porcaria.” Vou procurar estabelecer uma nova forma de torcer e se possível, com muito respeito pelos torcedores coxas, porque acima de tudo, eles são humanos, são pessoas, são crianças, adolescentes cheios de plano, são homens formados, velhos cansados de sofrer no mundo, enfim, são exatamente como nós, e há inclusive, muitos casais formados por atleticanos e coxas e vice-versa. Chega de ódio, chega de discursos separatistas, cheios de violência. Basta! Se não pudermos mudar o mundo, mudemos a nós mesmo, porque assim fazendo, haverá no mundo um canalha a menos. Desculpe-me se a frase for pesada demais, mas eu pretendo causar um choque mesmo, eu pretendo modificar-me totalmente a partir de agora, nesse instante e isso poderá acontecer com você também, agora, nesse instante. Estou disponível e acessível a formar uma ONG, em caráter nacional para revertermos esse quadro horrível que as pessoas normais (há pessoas normais?) estão pintando para o futebol com conseqüência em todas as nossas atividades. Quem estiver interessado, por favor, contate comigo. No mais, sou favorável ao uso da força máxima contra o São Paulo, principalmente porque o Aloísio andou falando no jornal do Terra que vai ser um prazer enorme ser campeão em cima do time que o prejudicou muito. Pode isso?



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