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8 mar 2007 - 16h21

Democracia

Há muito tempo que a democracia neste país não vem sendo respeitada. Na verdade acho que nunca existiu. Vivemos numa sociedade em que impera a insegurança jurídica, o conflito de interesses, a lei do mais forte. Direitos não são respeitados. Deveres não são cumpridos. A verdadeira “casa da mãe joana”.

Nossa diretoria acerta em muitos aspectos, mas erra em outros tantos. Vemos que quando se criticam suas falhas, as coisas ficam turbulentas. Existe uma imposição de cima pra baixo. Imperialismo dentro do clube. Seja no preço do ingresso, seja na condução do torcedor dentro do estádio. Em muitos casos se têm feito as próprias leis na Arena.

Estou aqui não pra defender Os Fanáticos, mas para mostrar que as atitudes que eles têm tomado é ação e reação. Quantos de nós não gostaríamos de um amistoso contra o Manchester, o Barcelona, o Lyon, etc… Mas o Dallas? O que o “soccer” americano tem a nos dar? Que visibilidade teremos com um time de um país em que o futebol está longe da popularidade?

Quando questionamos as atitudes das torcidas organizadas sempre associamos suas atividades com as imagens negativas que as mesmas tem. Lembram sempre atos violentos, conflitos, arruaceiros, depredações. A nossa paixão não nos deixa raciocinar sobre a questão de forma imparcial. Há muito tempo seu direito de expressão no estádio está sufocado. Vi esta semana dois jogos da Champions League com bandeiras, faixas e outros adereços no estádio. Na Arena não pode. Não pode nada. Só pode sentar direitinho no seu lugar e escutar gente gritando “seeeeeeeeeeeeennnnnnta” se ficar de pezinho! Liverpool x Barcelona estava com estádio completamente lotado e todos os torcedores vendo em pé um jogo emocionante.

A torcida Os Fanáticos já fez muita burrada. Talvez por ela mesma, ou mesmo por elementos que se identificam com ela, assistem os jogos na Buenos Aires inferior, vestem sua camisa, mas não fazem parte da mesma. Um dos exemplos mais imbecis disso foi a agressão do torcedor da curva, no jogo contra o Pachuca.

Entretanto tudo o que aconteceu ontem no estádio é fruto de uma lei de Newton: ação e reação. A diretoria cobra caro, impõe restrições a menores (tá certo, concordo que existe falsificações, mas é um desrespeito aquela fila gigantesca pra compra meio ingresso todo santo jogo!), não permite adereços nas cadeiras, já proibiu bateria, etc. Os direitos desses torcedores nem sempre foram respeitados. A forma de protesto ontem foi retirar-se do estádio, embora algumas reações tenham sido reprováveis.

Reforço que não estou defendendo ninguém! A atitude de vaiar o hino americano, por exemplo, é de longe um desrespeito. Entretanto eu faço parte do grupo de torcedores que não se empolga com um jogo sem expressividade como o de ontem. É meu direito! A diretoria não tem feito esforços pra aproximar a torcida do clube, pra cativar o torcedor. Alguns desses torcedores só tem o estádio pra poder expressar seu descontentamento. Afinal eles também finaciam o clube, também pagam ingresso, também consomem na Arena. Mas são tratados como problema. Quem apóia está certo. Quem discorda é herege! A própria diretoria tornou nosso torcedor anômalo. As origens da torcida como um todo só voltarão com uma aproximação. Existe um distanciamento muito grande hoje.



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