Manifestações alucinógenas
Há muito folclore na atuação de alguns jornalistas, locutores e comentaristas de futebol. Alguns gostam de exagerar, usam palavras difíceis, criam situações para encaixar determinados chavões. Tudo em nome da busca incessante da aprovação dos torcedores-alvos. Isso instiga a mente daqueles que estão nesse universo.
Na quarta-feira, após os dois jogos da Baixada, pus-me a meditar sobre o futuro do Atlético, sobre as novas contratações anunciadas festivamente. Pensei cá comigo, será que com essa dupla ressurgiria o nosso Furacão/1949? As notícias eram impactantes. Quem não gostaria de contar com uma dupla de atacantes dessas, tão mortífera, demolidora, cruel, capaz de mudar o rumo da história? Sonhei, sonhei e sonhei. De tanto sonhar em pé, adormeci e acordei assustado. Acordei chorando. A dupla finalmente estava ali, dentro da Arena, atacando, correndo atrás das minhas pobres filhinhas. Elas corriam, mas eram alcançadas. Foram cruelmente dizimadas. Não satisfeita, a dupla expeliu no ar um cheiro esquisito, mortal, que nos sufocava. Um a um foram caindo todos os torcedores que estavam ao meu lado.
Morremos todos, agarrados uns aos outros. Porém, um grupo de torcedores sobreviveu. Seus membros usavam máscaras da hipocrisia, eram “protetoras contra armas químicas”. A dupla de atacantes saiu da Arena carregada pelos torcedores desse grupo. Todos gritavam: Saddam, Saddam, Osama, Osama. O eco da manifestação era tão forte que acordei. Acordei chorando, envergonhado e muito triste. Como puderam fazer isso?