Razão da discórdia
Morei toda adolescência, juventude e fase inicial de adulto em Curitiba. Mercê de contingência profissional mudei para Cascavel onde resido há 25 anos. Não raras vezes me desloquei 500 km para prestigiar nosso furacão. Tanto que, ao tempo da construção da Arena atá me integrei a ”Turma do Mirante” e, ao tempo daquela ”armação/punição” ao Atlético, idos de 97, adquiri cadeira para prestigiar o clube e, principalmente, a Diretoria, naquele momento difícil. Muito embora, face a distância, pouco fosse desfrutá-la.
Estive na Arena na última quarta-feira e, acomodado no setor GV Superior, não me contive em levantar, ir ao setor do gol dos fundos prestar minha solidariedade aos Fanáticos, ficar cinco minutos de costas para o campo e ir embora.
Ir embora e não saber quando voltar pois passei a ser mais um – e já são tantos -, com a frase na ponta da língua; ”enquanto esse indivíduo lá estiver mandando, na ARENA não ponho mais os pés”.
Pois é assim que já deliberou considerável número de atleticanos, conforme cada vez mais constato com os antigos amigos/atleticanos do bairro (Portão), do Colégio (Pedro Macedo), Faculdade, trabalho…
Esse, aliás, o comportamento que se infere, também (e se tem notícia), de muitos ilustres atleticanos, mesmo ex-diretores que muito contribuíram para a história do Atlético inclusive, dirigentes campeões brasileiros. Só assim não hão de terem percebido os turibulários do Senhor Petraglia, esses que hoje se ufanam com a ”parceria Dallas” – os mesmos que há um anos se onanizavam com Lothar Matheus e a fantástica ”jogada de marqueting”.
O episódio da última quarta-feira nada mais foi do que um ato de rotina neste Atlético dos últimos anos: cizânia, intriga, beligerância; rixa, discórdia – auspícios de seu dirigente-mór, o nefasto Senhor MCP que, claro está, não sabe viver e conviver em clima de harmonia.
”É ele um deletério”, diria o famoso Conselheiro da literatura clássica.
Uma briga inútil com setores da crônica paulista, somada a uma desavença pueril com o técnico Levir Culpi (pessoa sabidamente idônea, pacata, obreira) nos custou o segundo título de campeão brasileiro em 2004.
Outra refrega tola com o São Paulo FC quando das finais da Libertadores/2005 ainda hoje deixa seqüelas e gera represálias por parte da diretoria do tricolor paulista – clube com o qual o Atlético historicamente manteve relacionamento fraternal e do qual em muitas ocasiões recebeu favores (a propósito, passa pela cabeça de alguém com um mínimo de sanidade mental que o São Paulo ”afrouxaria” e permitiria fosse vilipendiado o regulamento em prejuízo dele São Paulo?)
Mais uma desavença estúpida, agora com a imprensa local, e qual a conseqüência? Jogo eliminatório com a ADAP, campeonato passado, em plena Arena. Em 30 minutos tivemos três gols anulados por impedimento em circunstâncias que todos lembramos (o terceiro, inclusive, gol contra). Tomamos um gol em escandalosa falta cometida sobre nosso goleiro; em seguida um segundo gol em escanteio quando visivelmente era tiro de meta – isto tudo em pouco mais de meia-hora. E a imprensa? MUDA! sepulcralmente muda… como se tudo tivesse ocorrido normalmente. Nesse silêncio a resposta que deram aos desaforos e cerceamento que obstinadamente recebiam dos asseclas do Sr. Petraglia.
É instante a ilação de que os maquinadores daquela operação sem anestesia já contavam com o cúmplice silêncio da imprensa. Do contrário, não teriam coragem de fazer o que perpetraram. Nem nos mais funestos dias da sinistra ”era José Milani/Evangelino/Maranho” o Atlético foi vítima de tamanha espoliação.
E tantos outros episódios prejudiciais dessa beligerância doentia poderiam aqui ser relatados. Mas, respeitemos o espaço. Certo é que uma análise sóbria e imparcial dos fatos conduz para uma conclusão inexorável: há um câncer a ser extirpado. Enquanto não, proliferaram as desavenças no Clube tal como desordenadamente se multiplicam as células infectas de um tumor maligno. A realidade, porém, é desalentadora: nenhuma expectativa dessa ablação cirúrgica.