Time trampolim
As declarações do novo bambi Dagoberto revelaram o quanto o atleta tem sido manipulado nos últimos anos; parece até que o jogador não existe como pessoa, fios transparentes seguram seus braços, pernas e, principalmente, sua boca, fazendo-o movimentar-se e falar de acordo com a vontade de seus mui amigos. Todos sabem quem está por trás, gente já endinheirada que descobriu que nos bastidores do futebol há uma mina de ouro, basta usar o talento e a ingenuidade do atleta para encher o cofre. Essa gente ganha dinheiro de tudo quanto é lado: na tv, no rádio, na política, e infelizmente não há muito o que se fazer enquanto a lei Pelé continuar cega para a causa dos clubes.
Mas uma coisa em especial me chamou a atenção na entrevista que o Dagobambi deu dia desses: foi um ponto institucional, de imagem dos clubes. Dagoberto, e não só ele, enxergam o Atlético como um time trampolim, enquanto Santos, Internacional e São Paulo foram considerados o Olimpo no cenário do futebol brasileiro. A disparidade salarial e de mídia que esses clubes principalmente do eixo Rio-São Paulo têm em relação ao Atlético formam no imaginário do jogador um sentimento de satisfação temporária. Se não fosse pelo salário e pela maior exposição na mídia nacional, como alguém poderia querer trocar a estrutura do CAP e a paixão de sua inflada torcida pela Vila Belmiro, por exemplo? O que pode ser feito para evitar a já costumeira debandada de atletas que ocorre duas a três vezes por ano? E como fazer o Atlético ser competitivo e, ao mesmo tempo, equilibrado financeiramente, com atletas que respeitem a grama que pisam e sonhem menos com o jardim do vizinho? Perguntas difíceis de responder…