23 maio 2007 - 9h18

Vadão comenta revelação de Kaká e Rivaldo

Quando o técnico Vadão, atualmente no Atlético Paranaense, assume algum time, a primeira coisa que faz é olhar para as categorias de base. A idéia é a de que sempre pode haver um destaque escondido. E foi assim que o treinador descobriu Kaká, na reserva da equipe de juniores do São Paulo, que estava arrebentando na Copa São Paulo de Juniores. A aposta feita por Vadão, em 2001, reflete no dias atuais que o técnico estava certo. Veja a entrevista exclusiva do treinador para o GLOBOESPORTE.COM.

Você ainda mantém contato com o Kaká? Falam por telefone?
VADÃO: Faz tempo que eu no falo com ele. Mas sempre que eu o encontro, ele me dá uma camisa. Tenho várias guardadas. O Kaká sempre demonstrou muita gratidão por mim. Sempre que é perguntado, cita meu nome.

Como você descobriu o Kaká na reserva dos juniores do São Paulo?
Ele estava na reserva, e isso aconteceu logo que eu cheguei ao São Paulo. Era janeiro, e estava rolando a Copa São Paulo de Juniores. Ele era reserva do Harisson, que eu lancei primeiro do que ele. O curioso é que eu estava precisando de juniores para completar um treinamento com o time profissional e não poderia chamar os meninos que estavam disputando a taça, então fui obrigado a pegar os reservas. O Kaká era um deles. Eu gostei do que vi e acabei lançando ele.

E como foi esse processo?
A princípio ele veio treinar para completar. Em 2001 eu subi vários jogadores, já que a safra era boa. O Kaká, no começo, nem estava na lista. Eu sou contratado pelos clubes para revelar jogadores. Tenho facilidade para conversar com os jovens. Foi assim com o Rivaldo no Mogi Mirim.

Acha que foi uma injustiça ele não ter sido eleito o melhor do mundo até hoje?
Eu não acho. O momento dele é agora. O Ronaldinho Gaúcho, quando ganhou, foi merecido. Mas agora o Kaká é o preferido, porque está superando a todos. Na partida contra o Manchester ele desbancou até o Cristiano Ronaldo. O Milan venceu por 3 a 0 e Kaká foi brilhante. Ele é artilheiro da competição e nem atacante é. Se ele não for eleito esse ano, aí sim penso que será uma injustiça, porque agora ele está no ápice. É o momento dele. Hoje não há ninguém melhor do que o Kaká.

Kaká sempre foi um jogador disciplinado e de vida regrada. Ele é o maior exemplo do futebol?
Realmente ele é muito fácil de ser comandado, até por vir de uma estrutura boa, como não acontece com a maioria dos jogadores de futebol. Ele tem estrutura familiar e recurso. Mas também conheço gente com dinheiro que se droga e vive só fazendo bobagem. Ele realmente é um exemplo, um garoto especial, educado, que não tem vaidade, te escuta e respeita. Ele é o filho que todo mundo quer ter. Ele não é mulherengo, respeita a esposa, os treinamentos, os horários… é diferenciado, um bom menino. Faz lembrar o Raí.

O Kaká também é muito resistente fisicamente. Ou seja, quase nunca desfalca o time…
Ele não se machuca porque se cuida muito, tem vida regrada. Além de ser um bom atleta, ter um bom biotipo, Kaká é um jogador consciente, obediente, porque o que pode trazer uma contusão é o mau comportamento. Se o cara treina direito mas abusa da bebida e dorme de madrugada, não será tão bom.

O Kaká foi a sua melhor descoberta?
Eu acho que o Rivaldo também. Eu dou sorte nesse negócio. Eu lancei o Rivaldo no Mogi Mirim e ele foi melhor do mundo. A diferença é que o Kaká é mais carismático, bonitinho, de boa família… Talvez, por isso, ele tenha um perfil que agrade mais à mídia.

Mas os dois foram longe…
São os meus orgulhos e que me enchem de satisfação. Acreditamos neles. O Kaká só jogou a Copa (2002) pois aceleramos o processo dele no começo. Ele seria a mesma coisa, mas acreditamos nele. Eu não tenho medo de lançar jogador.



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