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13 jul 2007 - 15h16

Correção de rumo

Torcer para o Atlético é algo indescritível. Nossa paixão vai além de qualquer razão, talvez até mesmo transcenda nossa existência. Sou sócio e vou a todos os jogos do nosso querido Furacão. O que vejo hoje não lembra nem de longe os espetáculos futebolísticos do passado, tanto no quesito festa da torcida, quanto no quesito futebol dentro das quatro linhas.

Não estou aqui para “cornetear”, verbo que não se aplica aos atleticanos apaixonados, mas sim para cobrar mudanças.

Não sei dizer precisamente qual é o sentimento da torcida rubro-negra diante dos últimos resultados. Não sei se frustração, vergonha ou medo. Talvez os três. Frustração por ver um clube que se acostumou com o êxito parcial. Vergonha por se constatar que ultimamente fomos eliminados por times considerados do segundo escalão do futebol brasileiro (Adap, Volta Redonda, Paraná, Fluminense etc.). Medo por ver o projeto de modernização ser colocado em cheque pela atual política do clube.

Todo o projeto, propagado aos quatro cantos como de vanguarda (como de fato o é), se vê ameaçado pelos recentes resultados do Furacão. O projeto que se fundamentou na modernização e profissionalização do clube, agora é testado pelo destino e clama por reformulações.

A atual administração certamente rendeu ao Atlético renome no cenário nacional. Não há como negar o mérito dessa diretoria em transformar o clube num dos maiores do Brasil.

Todavia, parece que a soberba paira perigosamente sobre a cúpula atleticana. Não podemos nos envaidecer. O projeto, atualmente, precisa de severas correções de rumo, sob pena de nos enquadrarmos no status de time comum, como vários outros do futebol brasileiro, coisa que de fato não somos e não temos ambição de ser.

Sem extremismos anarquistas ou devaneios políticos. O homem que nos levou ao topo está no comando. Se um dia conseguiu fazê-lo é porque méritos teve. Se hoje não consegue é porque erros vem cometendo. É contra esses erros que a torcida deve manifestar sua discordância. Deve fazê-lo sem esquecer o que foi feito, pois a ingratidão é a mais voraz das mesquinharias humanas.

“Fora Petraglia” é um rótulo radical que não nos serve. Por outro lado não devemos ser subservientes. Cabeça no lugar, pés no chão e razoabilidade. A meta é corrigir rumos e cobrar dos nossos diretores a mesma postura que os levou a colocar o Atlético um dia no topo.

É preciso equilibrar a estrutura montada com um bom futebol dentro de campo. De nada serve a estrutura sem a existência de um time de qualidade. Há total simbiose entre a estrutura e o futebol, um não vive sem o outro. Todos queremos um CT de qualidade, a Arena finalizada, mas também queremos, antes de tudo, um time que possa ter o mínimo de competitividade. Parece que hoje tal equação se desequilibrou, como se pode constatar no elenco atual e na falta de investimento na parte de futebol. Lucramos milhões, mas não reinvestimos no futebol.

Não há melhor marketing que títulos. Visibilidade se ganha com estrutura, com bom estádio, mas não há melhor visibilidade do que a conquista de títulos (espaço gratuito na imprensa nacional, patrocínios, aumento da torcida etc). Não há como nos diferenciarmos dos demais senão através da conquista de títulos.

Para não ficar somente no campo da crítica, sugiro algumas correções de rumo. As correções, na minha humilde opinião, são das mais diversas ordens.

Primeiramente devemos contratar bons técnicos. Não podemos mais nos dar ao luxo de servir de laboratório para iniciantes na arte de comandar equipes de futebol. Bons técnicos sabem extrair de jogadores medianos o potencial que maus técnicos não conseguem sequer enxergar. Experiências e soluções baratas nos custaram títulos nos últimos anos. O Lopes é bom técnico, mas parece ter nos socorrido tarde demais.

Com um bom comandante, é preciso que a Diretoria discuta com o treinador a pré-temporada. Devemos cessar as pré-temporadas mirabolantes, ora jogando com time B, ora jogando com time A, ora sem técnico, ora com técnicos meia-boca. A pré-temporada deve servir para definir a espinhal dorsal do time e planejar a contratação/dispensa de jogadores de acordo com as janelas de negociação de jogadores.

Paralelamente é preciso que se melhore a política de revelação de jogadores. Qual foi o último bom jogador que revelamos depois de Fernandinho e Jádson etc? No campo de revelação de jogadores parece que estacionamos no nível do meramente razoável. Precisamos voltar a ser um celeiro de jogadores. Outra coisa: ganhar títulos nas camadas jovens não significa necessariamente revelar jogadores. A garimpagem precisa ser melhorada.

É necessário contratar jogadores de qualidade, sem necessariamente serem medalhões. Não precisamos copiar fórmulas falidas contratando ex-jogadores ou estrelas enjoadas. Precisamos sim é mesclar jovens promessas com jogadores experientes que possam suportar pressão de decisões. A fórmula de contratar jogadores desconhecidos e revelá-los durantes as competições possui evidentes limitações. É preciso que, gradualmente e de forma responsável, a diretoria contrate reforços de qualidade, mesmo que, eventualmente, tenha que pagar o preço. Quem quer ganhar títulos tem que investir. Nesta temporada houve esforço para manter Alex Mineiro, mas é óbvio que uma andorinha só não faz verão.

O programa sócio – frise-se, iniciativa louvável –, deve ter maior alcance sobre os torcedores. A meu ver, é imperiosa a redução do preço do pacote de sócio para estudantes e a criação de pacotes especiais para famílias. O projeto do sócio deve ser flexibilizado a ponto de se tornar mais atrativo financeiramente para o torcedor. O preço do pacote, barato para centenas, mas caro para milhares, está muito acima do valor de pacotes de outros clubes. É preciso ter a visão estratégica de diminuir a receita de jogo para aumentar o público e, por conseqüência, a pressão do estádio. A fórmula do ingresso caro também já se mostrou contraproducente e necessitamos urgentemente de ingressos mais populares, que atraiam a grande massa atleticana. Aliás, dizem as boas regras de administração do futebol que o lucro do clube é obtido primordialmente com a negociação de jogadores e não com a receita de bilheteria.

Agora a invenção de moda de CAparanaense. Não é preciso ser publicitário para se constatar o erro crasso que se está cometendo em termos publicitários. Todas as campanhas lançadas até hoje, Atlético Total, Atlético3000, envolviam a marca “Atlético”. Agora, quando a marca se consolida, fazem malabarismos para mudar a marca. Menos soluções mágicas e mais racionalidade. Nossa marca é Atlético, não importa se existe um, dois ou três no Brasil. Além disso, é uma marca conjugada, Atlético Paranaense e é assim que já somos e devemos ser conhecidos.

Quanto ao time, devo dizer que contratações são mais do que necessárias. Danilo, especialista em chutões, não possui qualquer condição de ostentar a braçadeira de capitão. Zagueiro medíocre que é, desde sua chegada nossa zaga tem sido uma peneira e não há qualquer sinal de mudanças. Michel não é jogador profissional, talvez um amador. Erandir é bom jogador, para a segundona. João Leonardo parece um boi louco. Evandro ficou na promessa. Cristian joga com desinteresse e displicência. Precisamos de pelo menos um zagueiro de qualidade, um lateral esquerdo e mais um meia para ajudar o guerreiro Ferreira. Aliás, não é possível que não consigamos contratar um lateral esquerdo melhor que o Michel.

Outra providência que se afigura premente é a permissão da entrada de faixas, bandeiras e demais adereços na Baixada. Tais objetos sempre constituíram símbolos da paixão da massa atleticana e não podem simplesmente ser banidos do espetáculo do futebol. Não podemos implantar uma europeização forçada ao futebol brasileiro. Os europeus têm a sua cultura, nós temos a nossa. Diga-se de passagem, tal europeização é cópia mal acabada de algumas equipes européias que adotam o modelo comportado de torcida. Por outro lado, há vários times europeus que, a despeito de ofertarem cadeiras e conforto a todos, não inibem a festa da torcida. Dá gosto de ver jogos do Milan, por exemplo, que permite a entrada dos mais variados adereços no estádio. Se o Milan jogando no San Siro permite a entrada de bandeiras e faixas, por que o Atlético não? Precisamos voltar a exercer a devida pressão dentro da Arena e isso só se dará quando a torcida tiver a liberdade de fazer a sua festa.

Desde a instalação das cadeiras, penso que nosso rendimento caiu dentro da Arena. Não gostaria de abordar um tema que já resta consolidado, mas a implantação das cadeiras, notadamente no anel inferior do estádio, foi um convite natural à acomodação do torcedor. Nada contra quem assiste sentado. Aliás, o segundo anel do estádio se destina precipuamente a tal perfil de torcedor. Entretanto, creio que muitos atleticanos sentem saudade de toda a reta da Getúlio assistindo o jogo de pé, como outrora. Hoje grande parte da torcida, influenciada pelas medidas restritivas da diretoria, assiste passivamente os jogos. Parte da torcida que já havia se acostumado a assistir jogo em pé, movimentando-se intensamente e proporcionando calor ao jogo, foi seduzida pela acomodação gerada pela cadeira. As cadeiras, a meu ver, levaram inevitável esfriamento do Caldeirão e é contra essa acomodação que devemos lutar. Não fosse a louvável participação da incansável torcida organizada e dos organizadores do mosaico, hoje a Arena poderia ser considerada um estádio normal à vista da panela de pressão que já foi.

Já que as cadeiras estão aí, a Diretoria precisa urgentemente liberar bandeiras, faixas, sinalizadores, caveiras e demais adereços, para que a festa da organizada contagie o estádio inteiro. É preciso permitir que a torcida faça a sua devida festa dentro do Caldeirão, fator muitas vezes decisivo para o alcance de vitórias, especialmente com elencos limitados tecnicamente como é o caso do atual. É preciso que o torcedor possa tocar a grade, sentir o cheiro do relvado, possa amedrontar o adversário, ficar próximo ao campo.

Chegamos muito longe para nos acanharmos. Chega de elitização, chega de europeização. Que a diretoria permita que o anel inferior do estádio volte a ser o elemento de pressão que sempre foi, com todos os rubro-negros assistindo de pé, inflados pela paixão, só a nós inerente. Que a diretoria dê liberdade ao torcedor, permitindo a entrada de faixas, bandeiras etc. Que a diretoria coloque a mão na consciência e estabeleça promoções especiais para sócios e ingressos mais acessíveis. Que a diretoria reflita sobre a necessidade de voltarmos a exercer a nossa tradicional pressão sobre os adversários.

Correção de rumos, por favor. O Atlético é grande demais para ser um coadjuvante.

Atlético até a morte!



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