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20 jul 2007 - 22h18

Cornetas, uma praga que veio para ficar

Realmente, cada dia mais a torcida atleticana vai se descaracterizando como símbolo de raça e fidelidade. Lembro, nos idos de 90, que a nossa força na arquibancada era inconteste e reconhecida por toda a comunidade desportiva. Especialmente os coxas, arrogantes como sempre, admitiam o nosso fanatismo mas estufavam o peito pra dizer que eram os maiores em números.
Cresci no Pinheirão, amadureci no Farinhacão e tornei-me adulto na Arena. Hoje, levo meu filho a todos os jogos e, graças a Deus e apesar dos cornetas, consegui fazer crescer nele a semente atleticana, já existente desde sua concepção.
Porém, sinceramente, já joguei a toalha: nossa torcida não é apenas mais uma em nível de fidelidade, já rompeu a linha média e em breve se abraçará com torcidas cornetas, como os paranistas, palmeirenses e bambis. Antigamente, me orgulhava do fanatismo atleticano, superior ao corinthiano ou flamenguista porque o nosso time não tinha nem um décimo da exposição de mídia e do tamanho das torcidas gambá e urubu.
Ontem, contra o Juventude, me convenci irreversivelmente da perda de nossa força. Estávamos ganhando de 2 a 0, com o elenco sendo remontado após os 9 desfalques do jogo contra o Vasco. O importante eram os 3 pontos. Precisávamos só disso. Mas, com 2 a 0 e um a mais, com o time administrando o resultado e trabalhando a bola só pra ir na boa, começaram os cornetas a gemer, como tem ocorrido todo jogo, há tempos.

Pelo amor de Deus, o que essa gente quer? Que o time fosse afoito pra golear, levasse um golzinho ao acaso e tornasse o jogo preocupante? Isso que estávamos reduzidos a 5 mil, presumindo eu que apenas os mais atleticanos tenham ido à Baixada.

Jogo acabado, filho feliz tanto quanto o pai. Sem euforia mas com a certeza de que o time vai naturalmente se acertar.

Dia seguinte. Verificação periódica nos sites atleticanos, inclusive nesta www.furacao.com. NENHUMA COLUNA. NENHUM ARTIGO NO FALA ATLETICANO, exceto o artigo sobre o respeitoso minuto de silêncio da baixada (desrespeitado, entretanto, por uns idiotas que estão em todo jogo na Madre Maria Superior, na divisa com a curva GV Superior, xingando SOMENTE os jogadores rubro-negros). Conferindo agora à noite, vejo que houve apenas um atleticano mostrando confiança. Outros aproveitam para falar do pombal, dos degraus do estádio, de que o time jogou apenas para o gasto etc. etc.

Nem me digam que essa é a minoria porque não é. A torcida já queimou mais jogadores do que os bambis. Kleber, Ilan, Denis Marques, pedrada no carro do Alex Mineiro em 2002, Evandro e Alan a caminho.

Agora, resta a mim me contentar em manter no meu filho a chama atleticana, que vejo como a mistura das mais preciosas virtudes – honestidade, luta, confiança, união, solidariedade, compaixão, superação – contraposta a união de todos os piores defeitos humanos – arrogância, soberba, falsidade, desonestidade, preconceito – enfeixadas simbolicamente no time alviverde da colônia alemã.

Por esse sentimento, continuarei indo à Kyocera Arena, na alegria ou na tristeza, na semifinal da Libertadores ou na Copa Tribuna, na saúde ou na doença, apesar da maioria de cornetas que já contaminaram a Baixada.



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