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31 jul 2007 - 13h38

Visão pessoal

Acabei de ler a entrevista publicada pela Tribuna com o comandante do Atlé…, desculpem, Paranaense. É Desolador.

Surpreso e sem palavras, olho para o meu “mouse pad”, onde se lê “Atlético Paranaense” e se vê o escudo tão conhecido. Ele parece olhar de volta para mim, aflito, angustiado. Eu tento – e perdoe-me o Estado onde nasci e que adoro – mas Paranaense não me diz nada. Não nesse sentido, em substituição, supressão, imposição. Não no sentido de buscar uma nova identidade. Pergunto: e precisa uma nova identidade? Será que é necessário adequar-se à imagem que estrangeiros têm? Parece deslumbre de aspirante a novo-rico…

Ainda surpreso, busco descobrir o que existe de errado com a palavra “atlético”. Por fim descubro que, em seu significado real, atlético quer dizer “próprio de atleta”, além de “vigoroso, musculoso, forte”. Imagino então que Clube Atlético Paranaense queira dizer Clube dos Atletas Paranaenses… Deve ser esse o sentido que o comandante do Paranaense entende por CAP. Tanto faz se é Clube Atlético ou se é Clube dos Atletas ou se é dos Fortes e Vigorosos Paranaenses. É indiferente. O Atlético do nome é somente um adjetivo, sendo assim pode ser substituído por outro, mais adequado, ou pode ser pura e simplesmente deixado de lado.

Não mais surpreso, por fim me revolto. Para mim, o “Atlético” não é como barba, para ser raspado, displicentemente pela manhã, enquanto penso nas tarefas do dia; o “Atlético” não é um adjetivo que se descarte em busca de outro mais “representativo”; o “Atlético” não pertence a uma pessoa!

E não é somente o nome que muda: a mudança é muito mais profunda que isso. A memória não ajuda, mas não foi pelo termo “CA Paranaense” que um diretor, – ou seja lá quem foi – do representante estadual da segunda divisão nacional, se referiu ao Atlético no passado recente, de forma depreciativa? Ao que me lembro muitos foram os protestos indignados da imensa maioria dos torcedores, inclusive dos mesmos comandantes que agora adotam, prazerosamente, o termo outrora depreciativo.

Mas minha revolta dura pouco. Mais precisamente um parágrafo com mais ou menos onze linhas. O que domina então é a desolação, a tristeza. Nem indignação sinto mais. O meu Atlético foge de meu alcance, escapa, muda, transforma-se. E por mais que digam que é somente a forma de chamá-lo que poderá mudar, para mim ele já não parece mais a mesma coisa. Já o chamam de elitista, discriminador, arrogante, antipático, segregador. Essa será a marca de “nascimento” do CA Paranaense?

Por fim, resigno-me. Vejo vivas enaltecedores, visões de futuro grandioso, mas a que custo? Também é possível enxergar muita tristeza e desilusão. Do alto da imensidão de meu desalento resta-me assistir à metamorfose, que parece inevitável.

P.S.: não precisa contratar sociólogo, antropólogo para lhe explicar razões ou montar equações para explicar o baixo número de sócios. É que seus consumidores, exigentes e conhecedores que são, não estão gostando de seu produto. Que tal rever seus conceitos antes de perder toda a velha clientela outrora fiel?



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