Muro das Lamentações
Estive em Goiânia nos dias 6 e 7 de julho por motivos profissionais e, coincidentemente, fiquei hospedado no mesmo hotel em que se concentrou o time do Sport para a partida contra o Goiás (acho que o jogo terminou 3 a 2 para os goianos).
Quando estava saindo, em um dos corredores do hotel, encontrei o Geninho. Quando o vi meu coração atleticano bateu mais forte, não resisti e perguntei: “Geninho, quando você volta pro Atlético? Nós estamos com saudades do seu trabalho! Nossa torcida adora você!” Ele me olhou, sorriu e disse: “Eu também adoro o Atlético. Gostaria de voltar, mas isso precisa partir do clube.”
Maiores detalhes da conversa não dá para escrever, senão vou precisar contratar um advogado para provar quem disse “o que” de “quem”…mas todos sabem por que o Geninho não volta.
Ontem, acredito que ele nos derrotou com o coração apertado, com um time muito inferior tecnicamente ao nosso, pois tem jogadores que reconhecidamente não temos a menor saudade: Durval, Cleber, Anderson Aquino… Mas é um técnico de verdade, fez a leitura da partida de maneira exata: o Atlético joga com 3 volantes mas toma bola nas costas da zaga; o Atlético tem goleiro e zagueiros enormes mas toma gols em profusão em jogadas aéreas.
Já escrevi nesta coluna que não terminaremos o campeonato com este técnico. O problema é quanto tempo a diretoria vai levar para demiti-lo e o pior: se não irá inventar um “Matosas da vida”, por exemplo, como técnico.
Enfim, eu sinto que o “Fala, Atleticano” é o nosso “Muro das Lamentações”. São atleticanos e atleticanas de várias idades, várias profissões, ou estudantes que sentem o que eu sinto no momento: que o difícil não é a fase do time – frequentei o Pinheirão, vi o time com Fião, Gune, Pateta… pegava o ônibus para ir à baixada, mas sabia que o Atlético era o meu time, o nosso time.
Hoje, no próprio noticiário esportivo fica difícil ver alguma matéria sobre o time; apenas passam flashes sobre a próxima partida porque a entrada e, principalmente as informações, no CT foram restringidas.
Morei 4 anos em Londrina e fiz 800 kilômetros mais pedágios de ida e volta para ver a final do Paranaense de 2004, em que tive que voltar para Londrina derrotado ao lado da minha esposa que é coxa branca… Mas fiz isso numa boa: enquanto alguns reclamavam do preço do ingresso eu falava brincando: “Eu pago R$ 300,00 para ver o Atlético!”
Voltei para Curitiba fazem 2 anos; o último jogo que fui do Atlético foi na derrota humilhante para o Fluminense em que fomos eliminados em casa da Copa do Brasil jogando como ontem: como time pequeno. Não consigo mais ir paà Arena, não sinto mais a sensação que eu tinha, o orgulho de ser atleticano.
Procuro ajudar o clube comprando produtos oficiais, mas ir ao estádio para ver experiências está fazendo mal à minha saúde.
Pode ser que a segunda divisão esteja no “planejamento” de alguns dentro do Atlético. Porém, não está no meu planejamento. Se não tivéssemos condições como no passado, tudo bem. Mas sermos humilhados por orgulho e arrogância não dá.