Um dia…
Um dia eu conheci o Clube Atlético Paranaense, ou simplesmente Atlético, nosso amado Furacão! Do preto simbolizando a raça e do vermelho representando o amor! O Atlético do povo! Do povo do Batel ao povo da favela! Dos Fanáticos, da Ultras, dos torcedores comuns. O Atlético da torcida apaixonada! A torcida que era a alma de um estádio que os adversários viam como o Caldeirão do Diabo, mas que para nós era tão acolhedor tal qual uma segunda casa! Um estádio de futebol, um templo da paixão chamado simplesmente de Baixada… Uh Caldeirão!
Muito tempo se passou. O time cresceu, a estrutura evoluiu, títulos vieram! Mas eis que de repente, eu me vejo como um estranho no ninho dentro da minha própria segunda casa… ah Baixada, por que já não é mais tão acolhedora? Porque se transformou num gigante frio e sem colorido? Não há mais faixas, bandeiras, não há mais festa! Cadê aquela torcida apaixonada que costumavam chamar Nação?
Procuro a resposta no meu coração! Aquela torcida nunca deixou e nunca deixará de existir! O atleticanismo continua vivo dentro de mim, esperando uma oportunidade para explodir! Acredito eu que este orgulho de ser rubro-negro ainda habita o coração daquele homem humilde que depois da rotina dura de trabalho, liga o seu radinho para acompanhar os jogos do Furacão; daquele pai de família que fez a opção de não ir aos jogos para não sacrificar o orçamento familiar; daqueles que vão à Baixada mas não tem mais forças para gritar ou simplesmente ficam inibidos diante de tamanho desprezo. Somos uma falácia, sim! Falácia para aqueles que nunca devem ter criado lágrimas nos olhos ao ver a massa rubro-negra pular e cantar uníssona; falácia para aqueles que no alto de sua soberba não enxergam que o Furacão é do povo e que o futebol é ainda um esporte… e esporte popular!
Volto para casa e procuro um pouco de alento nos meus sonhos. Fecho os olhos e me vejo no meio de uma multidão! As bandeiras tremulam, as faixas no alambrado colorindo o estádio! Papéis picados caem do céu, sinalizadores são acesos! Não há espaço para a tristeza ou desesperança. De ponta a ponta do estádio, de canto a canto, ricos e pobres unidos, cantando em uma só voz Furacãaaaaaaaaaao Eô Atleticoooooo! Acordo e lágrimas caem dos meus olhos! Choro de alegria e de saudades. Quem sabe um dia nos deixem sermos a torcida de novo do Atlético, quem sabe um dia a Baixada volte a nos acolher como se fosse nossa segunda casa. Um dia, quem sabe…