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24 set 2007 - 18h36

Sobre desafios

Temos razões para reclamar do comportamento da imprensa local, que não se cansa de reverenciar os nossos adversários e encarar com tédio as notícias relacionadas ao Atlético. O exemplo mais recente dessa tendência foi o “desafio” lançado pela Gazeta do Povo. A pretexto de medir o comparecimento das torcidas nos jogos do final de semana, o jornal promoveu uma deslavada campanha em favor do clube da segunda divisão. Perdeu o senso de equilíbrio, se é que o possuiu um dia, e tratou de menosprezar o nosso jogo. Foi assim durante toda a semana. No final, deu com os burros n’água: o nosso público foi maior. Pra não deixar sem registro o meu inconformismo, enviei à editoria de esportes do jornalão a carta copiada abaixo.

“O ‘desafio’ para saber quem reuniria mais público no último fim de semana – Atlético ou Coritiba – foi interessante como fator de motivação. Reacendeu a velha rivalidade entre as duas maiores torcidas do Estado, que andava em baixa. Mas não foi uma disputa em igualdade de condições. O estádio do Atlético é menor. Cabem, ali, pouco mais de 25 mil pessoas. Já o do Coritiba comporta 37 mil torcedores. Para ‘ganhar’, bastaria ao dono da maior praça juntar uma quantidade de gente que não coubesse no estádio do adversário. Assim devem ter pensado os editores de esportes da Gazeta.”

“Nessa pseudo-disputa, o jornal foi tendencioso. Antecipou um resultado que não se confirmou na prática. A edição de domingo estampou, na capa, a inacreditável manchete ‘Clássico do constrangimento’. Em seguida, comemorou a vitória do Coritiba, anunciando, para a segunda-feira, um pôster pintado de verde-e-branco. Faltou combinar com a torcida do Atlético, que colocou quatorze pagantes a mais. O número é irrisório, mas suficiente para desmanchar o enredo que já estava pronto.”

“Se estivesse empenhada em jornalismo de verdade, a Gazeta não faria uma cobertura tão desequilibrada. Não se limitaria a destacar o entusiasmo dos coxas, que se preparam para retornar à primeira divisão, ignorando o poder de mobilização dos atleticanos, que compraram todos os ingressos em pouco mais de dois dias. Não deixaria de lado a pergunta fundamental: quantos lugares sobraram em cada estádio? Mas a preocupação, durante a semana que passou, foi promover um clube, uma facção. Isso ficou na cara. E ficou feio. Houvesse um pouco de bom senso, as duas torcidas teriam sido merecidamente homenageadas. E o jornal se livraria da constrangedora derrota que lhe impuseram os seus editores de esporte.”

“Como leitor, mais do que como atleticano, lamento a triste sucessão de erros.”



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