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8 dez 2007 - 10h47

Reflexões sobre Mario Celso e João Augusto

Ao raciocinar sobre as grandes gestões dos dirigentes maiores do Clube Atlético Paranaense vêm à tona vários pontos que ao longo do tempo foram esquecidos, talvez por não terem sido melhor analisados. E são estes pontos que pretendo relembrar e quem sabe chamar os colegas torcedores para se manifestarem como querem os dirigentes.

Primeiro porque na cabeça do torcedor, no calor das derrotas e da profunda mágoa – lembrem que torcer para um clube de futebol é uma paixão – ninguém pensa nos acertos, pois na derrota eles não são visíveis, mas estão ali para quem quiser e puder ver. Alguém em momento de dor e revolta busca a razão ou pensa sem a interferência da emoção? Não há meios, pois a emoção é desarrazoada e a razão é condicionada nos dias de hoje.

Querem os dirigentes que os torcedores se transformem em sócios do clube, parceiros e/ou colaboradores e que de uma ou de outra forma tragam alguma vantagem patrimonial ao clube. No entanto, não é assim que vemos hoje a grande massa de trabalhadores, seja de qualquer estirpe, em relação ao futebol, pois torcer para um time hoje é uma necessidade, e mais que isso, é a própria razão de viver para muitos, face a ausência de alguns valores que o ser humano perdeu ao longo do tempo, como família, união, afeto, sociedade, etc. Já vi muitos escreverem nesta coluna que nos dias em que o time não joga não tem graça nenhuma o que nos leva a crer que realmente o futebol preenche uma lacuna muito grande na vida de muitas pessoas.

Mas, no aspecto econômico, estes torcedores em geral tão carentes de diversão, de vida, não têm condições sequer de se programar para comparecer a todos os jogos, ainda que os ingressos sejam populares, porque até para assistir a uma partida de futebol do clube amado dependemos de organização e planejamento. Portanto, existe a necessidade mas falta a possibilidade, binômio hoje muito utilizado para se viver equilibradamente. É esta a razão do Clube ter muitos torcedores mas poucos sócios, pois se é difícil se programar para uma seqüência de jogos, imagine comparecer ao estádio durante todo o campeonato, ou mais, no ano todo.

Nas questões torcida x espetáculo nem sempre há equivalência ou satisfação de todos, pois uns acham o espetáculo ruim enquanto outros o elogiam, assim como alguns personagens são algozes e outros são heróis, no mesmo espetáculo, na mesma apresentação. Se o jogo é ruim porque o adversário é equivalente – foi o que vimos durante este ano – os jogadores e dirigentes são alvos de críticas, o que é normal, uma vez que são personagens do ato. Não se pode levar uma crítica para o lado pessoal quando se está investido de mandato em uma função essencialmente pública e notória como é o futebol, nem se pode externar a crítica à pessoa física que exerce tal mandato.

Portanto, embora o Clube Atlético Paranaense mereça, em nome de sua diretoria, todas as honras pela ascensão em nível internacional na última década, lamentavelmente esta ascensão não pôde se traduzir em mais conquistas materiais. E vimos que as conquistas obtidas também não foram suficientes para que os dirigentes se sentissem plenamente satisfeitos, por isso buscam a colaboração para avançar com mais soldados, tirando-os das trincheiras e do forte seguro para a árdua batalha do campo aberto.

Finalizando, assim como a grande massa não tem condições de se organizar economica e socialmente, também não está preparada para se tornar alicerce do Clube, como bem merecem seus diretores. Mas ouso dizer que toda a nação atleticana é coesa e sabe dar valor ao grande ícone em que se tornou o Clube Atlético Paranaense!



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