Conversa para românticos
Romantismo é assim. A gente acredita nas flores, em cartas de amor, no canto dos pássaros, no brilho das estrelas, no assobio dos ventos. A gente acredita nas promessas dos demagogos, nas previsões dos futurólogos, em sereias e anjos. A gente acredita na pureza. Românticos são os torcedores de um futebol que se alimenta de cifras, sem se importar com o passado, com a história e com os símbolos da paixão popular. Românticos são os que se emocionam quando mercadores fantasiados de ídolos lambuzam com beijos frios e hipócritas as camisas dos clubes por onde passam.
Pois ainda existem os românticos. E são muitos. Não fosse por eles, a mais nova missiva dos condutores do Paranaense seria recebida com tédio, e não como instrumento de reflexão. A ela se daria o sentido que verdadeiramente tem: um manifesto ressentido, próprio de espíritos autoritários. Surpresa? Só se for para quem imaginou romanticamente, como não poderia deixar de ser que os signatários do tal documento algum dia reconsideraram suas teses, admitiram seus erros ou deixaram de cultuar o poder.
A humildade dos cartolas desapareceu após o encerramento de mais um ano de pouca alegria. Como de costume, nós, consumidores da ilusão que nos vendem a peso de ouro, estamos sendo tratados como peças descartáveis, empecilhos para os planos grandiloqüentes da realeza contemporânea. Com a promessa de reedição de velhos conflitos, resultados contábeis fabulosos e desempenho esportivo medíocre, o decreto recente abre a temporada de 2008. Azar o nosso.