Nada absurdo
Não escondo aqui, que ao longo dos últimos anos tenho sido um dos críticos mais severos da direção atleticana. Tenho opinião própria e por certo não me alinho a alguns conceitos. No episódio das transmissões radiofônicas contudo, não creio que deva existir uma sangria desatada e um desespero neste sentido. É evidente que as emissoras de rádio iriam espernear. Claro que sim, tinham tudo gratuitamente e agora terão que pagar.
O direito à cobrança existe e entendo ser indiscutível. Não me cumpre analisar os valores cobrados, até porque não tenho conhecimento do faturamento das emissoras de rádio, em decorrência da inserção de comerciais nas jornadas esportivas. Não posso dizer por isto, se é justo ou injusto.
Agora vejam bem, que não é o caso das emissoras de rádio se travestirem de coitadinhas, elas que são concessões governamentais e devem faturar muito dinheiro com as jornadas esportivas. Mesmo sem pagar nada aos promotores do espetáculo, de modo geral, ou com raras exceções, apelaram para o comodismo nos últimos anos. Passaram a economizar sobremaneira nas suas jornadas esportivas. Vejam que raríssimas delas se deslocam para além dos céus do Paraná, para proceder a transmissão de qualquer jogo de nossos clubes. Via de regra mandam um repórter e comodamente narrador e comentarista se instalam num sofá da própria emissora, ou na casa de um ou outro radialista, e pelo sistema conhecido nos meios radiofônicos como off tube , sem qualquer clima transmitem o jogo, muitas vezes insinuando que estão ao vivo no estádio. Ridículo e absurdo. Melhor seria colocar a TV no ar, através das ondas do rádio. Ora, se não vão a campo, o que pagarão? Teriam que estar de corpo presente aqui, lá e acolá. Se não estão, do que chorarão?
É claro que como a maioria, também temia num primeiro momento, ficar sem informações. Contudo, embora a polêmica, já ouvi numa rádio de Curitiba mandar recado aos atleticanos, para não se preocuparem, que não ficarão sem as informações de seu clube. Já a outra, que pertence a uma grande rede de emissoras de rádio do país, e que seguramente mesmo com suas transmissões estilo chulo e cômicos, detém a liderança nas jornadas esportivas, decididamente tem sido por demais cobrada pelos atleticanos, por fazer crítica sistemática ao rubro negro paranaense, sempre priorizando nosso vizinhos que se revezam na segunda divisão, de certo, não nos fará falta, mas por poderosa que é, adquirirá direitos de transmissão.
De outro lado, as emissoras de rádio de fora de Curitiba, terão que se adequar ao sistema imposto. A casa vai cair? Não, creio que não.
Vão falar mal do Atlético? E como. Mas pelo menos vão falar, falar muito mal, mas vão falar. Com certeza também, vão nos chamar de timinho de segunda, que não ganha nada e se acha o Real Madrid (isto foi dito pelo atleticano Conrado Borba, que escreve no Fala, Atleticano da Furacao.com e que ouviu isto numa rádio de Porto Alegre). Entendo que neste aspecto é melhor que falem, mesmo que mal, mas falem. Ademais, além dos próprios atleticanos, pergunto quem mais gosta de nós? Por isso não me preocupo com o que falam ou com o que vão falar. Não precisamos ser simpáticos, mas temos que ser competentes em todas as linhas de vanguarda e pioneirismo.
Creio que com tais medidas efetiva e definitivamente nos tornaremos o time mais antipático do Brasil. Eles vão falar mal mesmo. Vão odiar o Atlético. O Brasil inteiro vai falar mal do Atlético. Mas repito, vão falar. Lembremo-nos que outrora, nem mesmo sabiam que existíamos! Agora sabem. Terão que falar de nós. Ocuparemos vários espaços nos noticiários. Para falarem mal a bem da verdade. Mas falarão.
Se não me engano, o rubro negro paranaense foi o primeiro clube brasileiro a criar as entrevistas coletivas. Logo, todos estavam fazendo a mesma coisa. Particularmente sou contra as janelas que se abrem duas vezes por semana no CT do Caju. Mas vejam que tais medidas já são copiadas pelos vizinhos verdes.
Então, tenho que as medidas devem ter sido criteriosamente estudadas pela direção, que deve estar devidamente preparada para bater de frente, não com a imprensa do Paraná, mas com a imprensa do Brasil. Tenham que, os atleticanos do interior e do Brasil afora, somente terão a possibilidade de não ter notícias do rubro negro, se as emissoras se recusarem a pagar pelos direitos radiofônicos. E elas nada disseram ainda. E se vierem a se recusar, é evidente que a direção deve ter algumas cartas na manga para dar a opção aos torcedores do Atlético, seja por locação de horários em outras emissoras, seja por veículos de comunicação próprios, que com certeza, pelo andar da carruagem, logo deverão ser criados, ou seja por que outro meio for.
É óbvio também, que por nos tornarmos o clube mais antipático do Brasil, deveremos ter redobrados cuidados na hora de formarmos o time para o brasileiro. Ele terá que ser competente e que no mínimo figure no bloco dos aspirantes a uma vaga na Libertadores da América. Tais situações aliadas, nos darão, por certo a visibilidade que pretende a direção, evidentemente por caminhos transversos.
Por fim, creio que ainda seja cedo para criticar as medidas adotadas com relação a imprensa, que se não pagar, poderá fazer flashes dos jogos, menos transmiti-los na íntegra. O clube concedeu prazo até dia 22 de abril para manifestação dos interessados. É prudente então, que esperemos as reações ou as eventuais habilitações e embora nossa desconfiança, é certo que os gestores não seriam loucos de simplesmente nos tirarem do ar, para ficarmos no limbo, isolados e desarmados. É claro que existem cartas na manga.