17 jun 2008 - 17h56

Matemática no esquema

3-5-2, 4-4-2, 3-6-1. Não, não se trata de aula de matemática, mas sim um linguajar já bastante familiar para quem acompanha futebol: o esquema tático da equipe. Nos últimos dois jogos do Campeonato Brasileiro, o time do Atlético sofreu uma significativa mudança tática, começando a ganhar mais a cara do técnico Roberto Fernandes.

Do tradicional 3-5-2, formação que vinha sendo utilizada pelo clube há mais de um ano, desde a época de Oswaldo Alvarez (e mantida por Antonio Lopes e Ney Franco), o Atlético passou a jogar no 4-4-2. Na prática, isso significou que o técnico tirou um zagueiro para colocar mais um jogador na meia-cancha, além de dar aos laterais a função de marcar e subir ao ataque.

A mudança tática foi apoiada pelos torcedores. Segundo a enquete realizada pela Furacao.com, 59,8% dos torcedores apontaram que o 4-4-2 é o esquema ideal para ser utilizado pelo time atleticano, contra 34,1% que consideram o 3-5-2 como melhor esquema (6,1% disseram concordar com uma outra formação tática). No total, participaram da consulta mais de três mil internautas.

Em campo, a mudança de formação teve uma vítima: o zagueiro Rhodolfo. Ele estava no departamento médico quando Roberto Fernandes foi contratado e depois foi sacado do time titular, que passou a entrar em campo com a dupla de zagueiros Danilo e Antonio Carlos.

Qual o melhor esquema?

Com apenas dois jogos no 4-4-2, ainda não é possível traçar um comparativo sobre qual esquema tático se encaixa melhor ao atual grupo de jogadores do Atlético. Desde que chegou ao clube, Roberto Fernandes disse que seu perfil era de comandar equipes mais ofensivas, que jogam de forma mais vertical, buscando o gol adversário. Para isso, precisou mexer justamente no ponto forte do time: a defesa, que até aqui na temporada sofreu 24 gols em 35 jogos (média de 0,6 gol por partida).

No 3-5-2, alas têm liberdade para atacar [infográfico: FURACAO.COM]

Com a formação 3-5-2, o Atlético viveu altos e baixos no ano: o início arrasador, quando teve a incrível seqüência de 12 vitórias consecutivas, e a eliminação na primeira fase da Copa do Brasil, para o Corinthians Alagoano, além da perda do título paranaense em casa. Fora isso, o aproveitamento ofensivo também era bastante contestado pelos torcedores. A característica marcante do Atlético há vários anos, o contra-ataque em velocidade, foi definitivamente abolida, dando lugar a um futebol mais burocrático e sonolento.

Com o 4-4-2, time ganha força no meio-campo [infográfico: FURACAO.COM]

A culpa não era exclusiva da disposição tática da equipe, mas uma mudança precisava ser feita. E a escolhida por Roberto Fernandes foi justamente a tática. "A equipe vinha atuando de uma forma. Cada treinador tem uma filosofia de trabalho, a minha é essa: uma equipe mais agressiva. Evidentemente que observamos algumas coisas a serem melhoradas, mas acho que para um primeiro jogo foi muito bom", disse o treinador após a goleada por 5 a 0 sobre o Goiás, na primeira vez em que o Atlético jogou no 4-4-2 neste Brasileiro (o time começou com três atacantes, esquema que não funcionou bem no primeiro tempo, e foi substituído após o intervalo para o mais equilibrado 4-4-2). Depois da goleada em casa, o esquema também foi utilizado na derrota por 1 a 0 para a Portuguesa, no último sábado, no Canindé.

4-4-2 é o preferido no Brasil

A opção de Roberto Fernandes pelo esquema 4-4-2 segue uma tendência do futebol brasileiro. Dos 20 times que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro, apenas Santos e Coritiba utilizam com freqüência a mesma formação que vinha sendo utilizada pelo Atlético, com três zagueiros. Na última rodada, Grêmio, Náutico e Vasco também resolveram adotar essa formação.

Um dos maiores críticos ao esquema 3-5-2 é o técnico Vanderlei Luxemburgo, do Palmeiras, que tem no currículo cinco títulos brasileiros. Segundo ele, o sistema com dois zagueiros "dá a possibilidade de variar o esquema tático sem precisar trocar de jogador". "Já o esquema 3-5-2 obriga a mudar a tática treinada durante toda a semana na hora da substituição. Se estiver perdendo o jogo, por exemplo, é claro que o treinador vai optar por sacar um zagueiro e colocar um atacante no lugar", complementa Luxemburgo.



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