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29 jul 2008 - 11h37

A máquina

Uma visão panorâmica da Arena antes de começar o jogo com o Figueirense revelou a presença de um estranho objeto, normalmente não presente em eventos dessa natureza: uma máquina de obra (seria perfuratriz o nome correto?) colocada no lado oposto do setor Getúlio Vargas, dominando amplamente todo o enorme espaço reservada a ela. Imponente, silenciosa, assistindo a tudo impassível.

Em alguns momentos do jogo sua calma contrastava com o nervosismo do técnico rubro-negro que estava do outro lado.

No jargão futebolístico quando nos referimos a uma máquina nos vem à mente um time imbatível, que atropela os adversários como uma motoniveladora sem tomar conhecimento de ninguém, massacrando sem dó.

Nosso rubro-negro já teve grandes esquadrões que merecem ser chamados de máquinas de jogar futebol. Times compostos de jogadores qualificados, times bem entrosados, máquinas com engrenagens perfeitas, ajustadas. As máquinas de 1982 de Lino, Assis e cia; de 1996 com Oséas, Paulo Rink e cia; os campeões de 2001; o time de 2004 do inesquecível artilheiro Washington; o time de Evaristo do segundo semestre de 2005.

É bom recordar esses bons momentos, principalmente nos tempos atuais, quando o Atlético, tal qual uma máquina, mas uma máquina desregulada, sem peças de reposição, sem rendimento, prestes a pifar, nos brinda com um péssimo futebol.

Um time sem alma, sem jogadores habilidosos, sem tática; não é mais o Atlético veloz de outrora, de toques rápidos, de jogadores habilidosos, carismáticos, que surpreendia os adversários considerados grandes, até com goleadas.

O Atlético atual se parece mais com aquela máquina que estava estrategicamente colocada no futuro setor Brasílio Itiberê: fria, sem vibração, sem energia, distante.

Time composto por jogadores de escasso talento (as únicas exceções são o Galatto, disparado o melhor jogador do time, o incansável Alan Bahia e o Ferreira, este quando voltar a ser o mesmo) e um técnico que não conseguiu até agora montar um time, apesar de todos os problemas de contusões e suspensões que constantemente vem desfalcando a formação titular.

Técnico bom é aquele que chega, e, em pouco tempo, consegue montar um time titular, coisa que o Roberto Fernandes, infelizmente, não conseguiu até agora. Mário Sérgio em 2004 havia perdido o campeonato paranaense após uma série de invenções, Levir chegou e em poucas rodadas, mesclando garotos talentosos e jogadores quase desacreditados montou o time que foi vice-campeão brasileiro daquele ano. Após as indefinições de Vadão e Antonio Lopes que estavam levando o Atlético para a série B, ano passado, Ney Franco chegou, arrumou o time, livrou-nos do rebaixamento e montou um time com o capitão Claiton à frente que entrou para a história ao quebrar um recorde de invencibilidade.

Líder! Figura que o Atlético não tem hoje dentro das quatro linhas desde a saída do Claiton.

Uma vez quiseram creditar ao Evaristo a recuperação do Atlético do segundo semestre de 2005 e ele respondeu que os grandes responsáveis eram os jogadores que tinha no grupo. Também, não era para menos. Aquele time, de um passado recente, tinha Jancarlos, Durval, Marcão, Dagoberto, Denis Marques, Aloísio, Ferreira. E agora? Tem quem? Se trouxerem o Luxemburgo de técnico, com esse elenco, não vai adiantar muita coisa.

Construir o estádio é importante, estrutrurar o clube também, marketing, promoções, sorrisos engravatados na revista dos sócios, tudo é importante, pois o futebol no mundo business é muito complexo e exige seriedade. Mas a seriedade tem que existir também no departamento de futebol. Desculpa se algum membro do Caparanaense estiver lendo essas linhas, mas o fato é que o departamento de futebol do CAP ( e o futebol é a razão de ser desse time de futebol, que deve existir para essa imensa comunidade rubro-negra, muito maior que os vinte mil sócios que entopem a Baixada a cada jogo, sedentas para ver bom futebol) tem sido extremamente incompetente para contratar técnicos, jogadores, preparadores físicos, revelar jogadores, etc. Já vi até jogadores serem contratados, sequer jogarem e serem dispensados.

Se o Atlético sempre teve competência para contratar jogadores baratos que davam certo, hoje tal situação já não acontece mais. Se o Atlético quiser escapar mesmo do rebaixamento, deve abrir o cofre e investir pesado como nunca fez até hoje, para contratar jogadores que resolvam, experientes, de nome, que se saiba que vão resolver e não manter essa turma que só irrita a torcida: Nei é voluntarioso mas não faz uma jogada que preste, Márcio Azevedo não disse a que veio, Danilo é o símbolo da fase 2005-2008, cuja imagem mais marcante é ele se embolando com as redes no gol do coxa na final do Paranaense 2008, Valencia esqueceu o bom futebol em algum lugar e até hoje não achou, Ferreira está mal, mas não se pode exigir dele que resolva tudo sozinho, no ataque tem um monte de gente que já deveria estar fora do Atlético há muito tempo.

Sem contar outras tantas dezenas de cabeças-de-bagre que em nada agregam para a equipe e nem merecem ser citados.

E nem pensem em vender agora, neste momento delicadíssimo, os pouquíssimos bons jogadores que ainda restam!Pelo amor de Deus, não façam isto!

Contra o Figueirense, um espetáculo deprimente: desentrosamento, jogadores discutindo entre si, jogadores querendo resolver tudo sozinhos, chutões, jogadores batendo cabeça, ataque inoperante, meio de campo inexistente, falta de criatividade, de jogadas ensaiadas, enfim, de tudo. Até a torcida estava meio que anestesiada diante de uma apresentação tão grotesca. No meio disso tudo só as defesas milagrosas do Galatto e um lance isolado do Rhodolfo que merecia ter resultado em gol. Fora disso, nada.

A campanha do Atlético neste brasileirão fala por si só: cinco(!) empates na Arena, um gol apenas marcado fora, duas rodadas sem fazer gol. E já se passaram 15 rodadas e o time está caindo na tabela, tendendo se acomodar na área do rebaixamento.

E a diretoria, que faz? Parece estar alheia à decadência técnica do time. No início do campeonato deu a impressão que ela iria sair do crônico marasmo que a caracteriza quando o assunto é futebol (diferentemente quando o assunto é venda de cadeiras, por exemplo): mudou o técnico e trouxe jogadores. O técnico está se mostrando inferior ao que saiu e os jogadores estão mostrando a cada rodada que são verdadeiras enganações. Julio dos Santos, então, nem se fala. Ou será que, como sempre, eles precisarão sair do Atlético para mostrar bom futebol como tem acontecido ultimamente com 99,99% dos jogadores que por aqui passam?

A máquina perfuratriz ri disso tudo. Durante o jogo com o Figueirense estava lá, ereta, despreocupada, como que zombando de nós, pobres torcedores que pagamos para ver um espetáculo medíocre. Ela na verdade é a protagonista do atual Atlético – um Atlético mais preocupado com os negócios e a ampliação do estádio do que com o time de futebol. Mas investimento em estrutura não é desculpa para manter esse time horroroso que está aí.

Será que já está em marcha algum plano sinistro?

Parece que sim e a lógica desse plano, mais de acordo com o futebol dos anos 50 do que com a suposta realidade business com a qual o CAP que flertar é a seguinte: vamos manter até o final esse time barato, o treinador também, agüentar todas as críticas, não falar com ninguém, nos encapsular no nosso mundo e irmos para a segunda divisão. Usaremos como desculpa a construção do estádio como São Paulo e Grêmio já fizeram no passado remoto. Vamos para a segundona logo, talvez como o América-RN no ano passado, bem antes do campeonato terminar, para a torcida ir se acostumando com a dura realidade. Vamos ter que agüentar algumas críticas, algumas mais violentas que outras, algumas que vão doer mais que outras, as gozações dos torcedores rivais, as humilhações, mas depois tudo passa, tudo se acalma, vamos disputar a segundona, nossa torcida fanática vai continuar nos apoiando nos jogos como sempre fez, talvez até disputemos a segunda divisão mais de uma vez, tão boa é ela para o nosso balanço anual. Quem sabe não jogaremos a terceira divisão para aumentarmos ainda mais os lucros? Daí um belo dia, quando voltarmos à elite, vamos dizer – agora sim vamos investir no futebol, gente boa vem por aí…

Se o plano sinistro é esse, não contem comigo. Afinal, antes de ser torcedor, sou consumidor e o produto que interessa, que não é a cadeira ou a camisa de R$169,70, mas o time de futebol, é esdrúxulo. Não vou mais ficar perdendo meu tempo para ver uma palhaçada como a de domingo passado. E tenho a certeza que a grande maioria não vai apoiar este plano ridículo. Muitos, como eu, pensarão duas vezes antes de renovarem os contratos de sócios para assistir o caparanaense na segunda ou terceira divisões.

Dirigentes rubro-negros – busquem construir o estádio economizando em outros setores que não o time de futebol ou arrecadando dinheiro de outra forma. Utilizem sua inteligência para trazer um patrocínio decente. Tentem viabilizar recursos de forma mais racional e não matando a razão de ser do nosso Atlético – o time de futebol. Precisamos de um clube com alma, humano, feito para o torcedor que gosta de futebol e não um clube que tem numa máquina de obra o seu símbolo-mor.



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